A crise deflagrada pela pandemia do novo coronavírus já colocou 2,8 milhões de brasileiros na fila do desemprego. O aumento foi de 27,6%, em apenas quatro meses, e elevou para 12,9 milhões o número de desocupados no país. Especialistas avisam que a tendência é de que esse número cresça ainda mais nos próximos meses.
Segundo a Pnad Covid, pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mede o impacto da pandemia no mercado de trabalho, havia 10,1 milhões de pessoas sem ocupação em maio. No fim de agosto, contudo, esse contingente já era de 12,9 milhões de desempregados. Por isso, a taxa saltou de 10,7% para 13,6% no período. O percentual é o maior desde 2017 e tem avançando de forma cada vez mais intensa, já que a flexibilização do isolamento social tem levado muitos brasileiros a retomar a busca por uma vaga no mercado.
“Muitas pessoas perderam o emprego, mas estavam com medo de sair de casa por conta da pandemia. Mas, agora que as atividades estão reabrindo, elas estão voltando a procurar emprego. Isso aumenta a taxa de desemprego e vai continuar aumentando nos próximos meses”, afirmou o professor da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Alberto Ramos. “No próximo mês, ainda teremos outro vetor de alta, que é a redução do auxílio emergencial. Isso também vai levar muita gente a procurar um complemento de renda”, acrescentou o professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Joilson Cabral.
Ainda de acordo com o IBGE, 43,9% dos domicílios brasileiros receberam o auxílio emergencial ou o benefício emergencial de manutenção do emprego e da renda em agosto, com um valor médio de R$ 901. No Norte e no Nordeste, onde o desemprego superou a média nacional, chegando a 15,7% e 14,2%, respectivamente, quase 60% da população se encontram na dependência da ajuda governamental. Como o publicitário Natã Rodrigues, que perdeu o emprego logo no início da pandemia e está dependendo do auxílio, que agora vai cair para R$ 300, para pagar as contas.
Os especialistas dizem, entretanto, que a taxa de desemprego pode passar dos 15% ainda neste ano. E admitem que a desocupação deve continuar elevada por um bom tempo, pois poucas empresas já estão com condições de retomar as contratações.
“Só vão se sentir seguras quando houver um horizonte de crescimento econômico e de controle do coronavírus. Mas a situação ainda é de muita incerteza. Então, o desemprego pode durar anos”, lamentou Carlos Alberto Ramos, dizendo que nem algumas medidas em estudo pelo governo, como a desoneração da folha, podem reverter a situação no curto prazo.
Lunamar Dias, de 32 anos, sabe bem dessa dificuldade. Ela perdeu o emprego logo no início da pandemia, mas ainda não encontrou nenhuma nova oportunidade. “Mando currículo desde que saí da academia onde trabalhava, e até hoje não tive retorno de nenhuma empresa”, contou ela, que já está preocupada sobre como vai pagar as contas após o fim do seguro desemprego.
*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi
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