Telecomunicação

Oferta pela Oi Móvel é solução para manter serviço sem dinheiro do contribuinte

Presidente da Claro, José Félix, diz que três operadoras é "bom número" no Brasil, e que fatiamento da empresa em recuperação judicial é uma saída de mercado positiva

Simone Kafruni
postado em 15/09/2020 11:58 / atualizado em 15/09/2020 11:58
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

A oferta vinculante das três principais operadoras brasileiras — Claro, TIM e Vivo — pelas operações móveis da Oi, em recuperação judicial, foi uma solução de mercado que afasta qualquer risco de descontinuidade dos serviços, tanto móvel quanto fixo, sem dinheiro do contribuinte. A afirmação foi feita pelo presidente da Claro, José Félix, durante o Painel Telebrasil 2020, realizado nesta terça-feira (15/9), pela Associação Brasileira de Telecomunicações.

Segundo Félix, o mercado brasileiro tinha um problema com a recuperação judicial da Oi. “A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e os consumidores estavam preocupados com a descontinuidade dos serviços prestados pela Oi. Essa solução não tem interferência estatal, preserva a regulação e amplia a competição, pois evita concentração tanto de clientes quanto de frequência em uma única operadora”, disse. “O Brasil terá enormes benefícios, pois será atendido por empresas que já conhecem o mercado. Não está entrando nenhum aventureiro”, completou.

O presidente da Claro disse que as três empresas têm capacidade de competir de forma saudável e agressiva. “Se a gente olhar o mundo, nos Estados Unidos acontece o mesmo. Existem três operadores que competem. Três é um bom número. Quatro é um número complexo. Não é a troco de nada que a Nextel (comprada pela Claro) teve que ser vendida em situação quase falimentar. Também não é a troco de nada que a Oi está numa RJ. Não adianta discutir isso. Se conseguiu uma solução muito bacana. Temos que comemorar e torcer para que tudo corra bem.”

Félix participa do painel Um mundo transformado com a pandemia, ainda em curso durante o evento, cuja segunda parte começou às 9h30 e vai até o fim da tarde desta terça-feira. Ele explicou que, na operadora, a medida mais desafiadora durante a pandemia foi colocar 24 mil trabalhadores em remoto em questão de dias. “A pandemia mostrou que há oportunidade de transformação nas empresas. De um momento para o outro, os Correios estavam parados. Nossas faturas não estavam chegando aos assinantes. Tivemos que buscar alternativas digitais. Também resolvemos isso em dias, o que achávamos que tomaríamos anos, porque a gente discutia isso já há algum tempo”, ressaltou. A área de atendimento é outra que apresenta espaço para buscar benefícios com a digitalização, acrescentou.

Tecnologia 5G

De acordo com o presidente da Claro, a operadora já opera a tecnologia 5G por meio do DSS (digital spectrum sharing), um compartilhamento de frequências que permite operar a internet móvel com velocidade de banda larga. “É coisa de 250 megabits por segundo, o que uma velocidade muito elevada para telefonia móvel. Mas o aproveitamento desta tecnologia com capacidade de banda maior é mais eficiente”, destacou.

Por isso, Félix afirmou que 100 megahertz é o mínimo de banda que deve ser ofertada no leilão do 5G para as operadoras terem qualidade de serviço. “Precisamos afastar riscos, como o lobby de empresas de radiodifusão, de migração para banda Ku, para liberar a banda C, em função do alto custo que isso representa”, assinalou. Ele também considerou que seria ideal as regras do certame contemplarem a obrigação de uso do espectro para 5G para afastar o risco de aquisição por aventureiros, com a intenção de revender a frequência. “Também achamos que o leilão deve ocorrer em condições isonômicas, sem privilégios para pequenos ou grandes provedores.”

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