O aumento abrupto no preço dos pacotes de arroz tem causado eco nas redes sociais ao longo dos últimos dias. Um perfil no Twitter compartilhou uma foto em que um dos supermercados da rede Condor, do Paraná, anuncia um pacote de arroz por R$ 42,99. “Não vai ter uva passa no arroz se não tiver arroz”, ironizou a postagem da conta "Nazaré Amarga".
Não vai ter uva passa no arroz, se não tiver arroz pic.twitter.com/ckB4R4qblT
— Nazaré Amarga (@NazareAmarga) September 5, 2020
Nos comentários, vários seguidores do perfil alegam ter encontrado "ofertas" semelhantes em diferentes regiões do país. Até mesmo o ator Bruno Gagliasso se surpreendeu com o aumento nos preços e compartilhou uma foto com a legenda "24 reais 5kg de arroz".
24 reais 5kg de arroz. pic.twitter.com/Kh0sWUoSla
— Bruno Gagliasso - Pai de 3 (@brunogagliasso) September 5, 2020
A nutricionista Fernanda Iamamura também criticou a inflação da cesta básica e relacionou o fato ao alto consumo de comida "ultraprocessada" pela população de baixa renda. "Preço do arroz e do feijão nas alturas e tem gente que insiste em culpabilizar os indivíduos por comer ultraprocessado", escreveu.
Preço do arroz e do feijão nas alturas e tem gente que insiste em culpabilizar os indivíduos por comer ultraprocessado
— Fernanda Imamura (@fernandaimamura) September 5, 2020
Também pelo Twitter, o perfil identificado como "GuilhoTinah" compartilhou o temor da volta da inflação galopante dos anos 1980. "Se a inflação voltar, gente? Sério? Só quem não vai no mercado não sentiu o bafo do dragão no cangote", colocou. Uma das respostas à postagem foi da conta "heavily medicated", que disse ter percebido o preço do arroz quase dobrar entre março e setembro deste ano: "Sou compradora de um restaurante. No início de março, 5kg de arroz Camil tipo 1 era 12,49. Agora tá 22,10".
Sou compradora de um Restaurante, no início de março 5kg de arroz camil tipo 1 era 12,49
— heavily medicated (@enotocohC) September 4, 2020
Agora tá 22,10
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Quais são as causas
Até mesmo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comentou o fato pedindo que os donos de supermercado tenham “patriotismo” para segurar os preços da cesta básica. Entretanto, o problema parece estar longe das gôndolas.
Segundo nota divulgada pela Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), o fator com mais impacto nessa alta é uma pressão no mercado internacional desde o início da pandemia. “Observou-se (desde a declaração de calamidade pública pela OMS em março) um aumento significativo na demanda do mercado externo, o que, somado à restrição de oferta do por alguns países exportadores, com vistas a assegurar o abastecimento interno, ocasionou a forte valorização do grão”, diz o texto.
A alta do dólar frente ao real também está entre os motivos para que o alimento chegue mais caro até os supermercados. “A elevação do câmbio que, além de tornar atrativas as exportações do arroz em casca brasileiro, praticamente inviabilizou as importações do produto dos parceiros do Mercosul”, cita a nota da Abiarroz.
Outros alimentos
Para os consumidores finais, as explicações ficam em segundo plano frente à falta que o alimento pode fazer nas mesas de famílias em todo o país. Ainda mais porque outros itens da cesta básica, especialmente ligados ao mercado de grãos — como óleo e leite de soja, além do feijão — tiveram índice de reajuste parecido com o do arroz no mês de agosto.
De acordo com o IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) variou 0,23% em agosto, após ter registrado 0,30% em julho. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 0,90% e, em 12 meses, de 2,28%, acima dos 2,13% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.
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