O pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) fechou a semana pré-feriado em alta volatilidade. Nesta sexta-feira (4/9), o Ibovespa, principal índice de lucratividade da B3, abriu em queda, acompanhando o movimento externo -- sobretudo de perda na Nasdaq, bolsa de tecnologia dos Estados Unidos --, mas se descolou de Wall Street e fechou com alta de 0,52% em 101.241 pontos.
Na mínima do dia, perdeu os 99 mil pontos e caiu a 98.960, enquanto, na máxima, passou de 101.581. O volume de negócios foi de R$ 32,797 bilhões. O dólar subiu 0,32%, cotado em R$ 5,30, porém, na semana, acumula queda de quase 2%.
Segundo Davi Lélis, assessor de Investimentos da Valor, na semana, o Ibovespa fechou com queda de menos de 1%. O especialista explicou que, apesar de o mercado cogitar uma bolha nos EUA, por conta da valorização dos ativos de tecnologia, as quedas registradas, nesta semana, no índice Nasdaq, apontam para um grande realização, que é quando o investidor aproveita os ganhos para retirar os lucros. Isso acaba empurrando os papéis para baixo. A bolsa de tecnologia norte-americana fechou em queda de 1,27% nesta sexta-feira, mas chegou a desabar 5% no intradia.
“Algumas pessoas acreditam que exista bolha, mas não se sabe se essa bolha vai estourar ou pode ser que continue por algum tempo”, disse Lélis. Ele explicou que é considerado bolha o crescimento do preço do ativo não fundamentado no valor da empresa. “Eu não acho que seja bolha porque, hoje, a tecnologia é muito mais relevante do que era antes. Com a pandemia, as pessoas ficaram dependentes de videochamadas, aplicativos, e o valor intrínseco na área de tecnologia aumentou”, justificou.
O descolamento do Ibovespa, que conseguiu reverter as perdas do dia no fim do pregão, foi efeito de uma força compradora, disse Lélis. “Quando o Ibovespa cai abaixo de 99 mil, muitos investidores consideram que a bolsa está barata. As pessoas que compram de olho no longo prazo não pensam na turbulência do momento”, ressaltou.
O que provocou a queda na bolsa durante o dia, de acordo com o assessor de investimentos, foi a tensão no relacionamento do ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Maia disse que Guedes proibiu a equipe econômica de falar com ele. Além disso, houve a retirada da urgência no projeto de reforma tributária e repercussão da reforma administrativa apresentada na quinta-feira”, pontuou. “Todo clima de incerteza gera estresse no mercado”, acrescentou.
Liquidez
Para o head de renda variável da Messem Investimentos, William Teixeira, a valorização das empresas de tecnologia, como a Apple que dobrou de valor em um ano, de US$ 1 trilhão para US$ 2 trilhões, tem a ver com o excesso de liquidez. “Algumas pessoas falam de bolha de tecnologia, mas esse movimento tem uma justificativa. As empresas estão surfando na onda do novo coronavírus, na qual a tecnologia ganhou um espaço que não tinha antes”, disse, compartilhando da mesma opinião de Lélis.
“Muito delivery, streaming, plataformas de comunicação, tudo isso ganhou um espaço gigantesco. O Zoom, de videoconferência, se valorizou 500%”, lembrou. “Agora vamos ver como serão os próximos passos, se isso vai se manter, ou se a realização vai puxar para baixo os preços”, assinalou o analista da Messem.
Teixeira ressaltou que houve movimentos expressivos de alta e recuo. "Entre a mínima e máxima foram 3 mil pontos. Isso é muita volatilidade”, disse. Na semana, segundo ele, as ações de bancos tiveram alta relevante, com os papéis do Bradesco se valorizando 3%, do Banco do Brasil, 1,83%, e do Itaú, 2,29%.
“No geral, houve queda leve na semana, porque o risco político está sempre presente no mercado, o que é preocupante, porque tira um pouco da segurança do investidor”, avaliou. O especialista lembrou, ainda, que segunda-feira é feriado no Brasil, mas também é nos Estados Unidos. “Geralmente, antes de feriados, os investidores tendem a ser mais cautelosos em manter posições, mas como lá fora também não vai ter pregão, houve alívio.”
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.