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Inadimplência cai à mínima histórica, de 3,5%, em julho, diz Banco Central

Apesar da crise provocada pela pandemia, calote é o menor desde 2011. Postergação de parcelas de empréstimos e auxílio emergencial contribuíram, justifica chefe de Estatísticas do BC

A inadimplência recuou em julho para 3,5%, a mínima desde o começo da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 2011. No mesmo mês do ano passado, o calote foi de 4% e, em junho, estava em 3,7%. Os dados de crédito foram divulgados nesta sexta-feira (28/8) pela autoridade monetária. O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, disse que a postergação de parcelas de empréstimos e o auxílio emergencial contribuíram para o movimento.

 Rocha não descarta, contudo, que o adiamento no pagamento de dívidas, no entanto, podem se refletir em um aumento da inadimplência no futuro. “Estamos em agosto, olhando o que vai ocorrer no último trimestre ou em 2021. Cada postergação de parcela depende do perfil da dívida. Pode ser que, em uma dívida mais curta, as parcelas voltem agora no fim do ano. Numa mais longa, pode ir para o final da dívida. Claro que vai correr juros no saldo que deveria ser amortizado agora e não foi”, explicou.

Segundo ele, não necessariamente o devedor terá de pagar duas prestações no mesmo mês, o que poderia, sim, aumentar a inadimplência quando o prazo da postergação acabar. “Os juros podem ser diluídos ao longo da dívida. Isso faz com que o serviço da dívida, por exemplo, de um devedor que paga uma parcela com o mesmo valor todos os meses e deixou de pagar três meses, quando voltar, o prazo pode ser maior e os juros divididos em cada parcela”, esclareceu.

O chefe de Estatísticas do BC admitiu, no entanto, que esse devedor pode ter dificuldades e ficar inadimplente lá na frente. “Porém, se a trajetória da negociação for bem feita, e o retorno do pagamento seja com economia já normalizada, esse efeito pode ser minimizado”, afirmou. Rocha lembrou que o comprometimento de renda com dívidas caiu, também por conta das postergações. “É preciso considerar qual será a renda quando ele a recomeçar a pagar”, completou.

Auxílio emergencial

O auxílio emergencial, segundo Fernando Rocha, funciona para repor a renda dos mais afetados pelas novas condições econômicas da pandemia. “O nível de reposição de renda foi muito elevado, isso pode fazer com que a pessoa que, sem o auxílio, ficaria inadimplente, passe a não estar inadimplente. Isso parece uma hipótese consistente nos dados agregados”, afirmou.