O ministro da Economia, Paulo Guedes, aproveitou os primeiros dados positivos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) desde abril para fazer algo inesperado, e que não estava na agenda, e foi participar da coletiva dos números do mercado de trabalho.
Após sair de uma reunião com o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, no gabinete do democrata no bloco A da Esplanada, Guedes foi ao Bloco F, onde fica a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho da pasta, para participar da abertura da transmissão da entrevista aos jornalistas. Guedes não perdeu a oportunidade para apresentar a criação líquida de 131 mil empregos após queda líquida acumulada de pouco mais de 1,5 milhão de empregos desde a chegada do novo coronavírus ao país em março.
“Temos uma notícia de criação líquida de 130 mil empregos esse mês de julho. Isso não acontecia desde abril”, afirmou. Ele chegou a errar os números do Caged e falou que 1 milhão de vagas foram fechadas entre abril e junho, esquecendo que, em março, também houve queda. “É muito bom saber que o Brasil está voltando”, comemorou.
O ministro disse que estava muito feliz com os dados positivos e aproveitou para elogiar a equipe da secretaria ao trabalhar para a preservação de 15 milhões de empregos. “Estou muito feliz. Eu quero parabenizar também, particularmente, o sucesso de um programa de suplementação salarial, de benefício emergencial que preservou já 15 milhões empregos”, afirmou. O ministro comparou com outros países, como os Estados Unidos, que encerraram 30 milhões de vagas quando o Brasil tinha conseguido preservar 11 milhões de empregos.
O chefe da equipe econômica voltou a afirmar que a economia “estava indo bem até março”, antes da pandemia, e que, agora, a recuperação começa a ser em “V” com a perna alongada como o logo da Nike. Ele citou indicadores de consumo de energia elétrica e de arrecadação de impostos que indicam essa tendência.
Guedes também criticou os modelos econométricos que apontavam uma queda maior do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em torno de 10% neste ano. “É muito difícil que esses modelos tenham precisão em momentos críticos, o que nós chamamos, tecnicamente, de mudança de regime de parâmetros, que ficam instáveis”, afirmou. O governo evitou fazer revisões bruscas de queda do PIB e manteve a expectativa em 4,7% e, agora, muitas instituições estão fazendo novas revisões, reduzindo a previsão de retração estimada para o ano. “Agora, estão confirmando que o filme brasileiro pode cair acima 4%, praticamente a metade do que tinha sido previsto”, afirmou.