O dólar começou a semana fechando em alta, cotado a R$ 5,497 para a venda, após valorização de 1,30%. Já o Ibovespa, principal indicador dos negócios da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), perdeu a marca dos 100 mil pontos, teve queda de 1,73% e terminou o pregão aos 99.595 pontos. O dia foi marcado pela apreensão dos investidores sobre a possível saída do ministro da Economia, Paulo Guedes, um dos pilares da prometida agenda liberal do governo, em consequência das declarações sobre o risco de rompimento do teto de gastos que descontentaram o presidente Jair Bolsonaro.
O coordenador do curso de economia da Fundação Getulio Vargas em São Paulo, Joelson Sampaio, disse que essa situação gera dúvidas entre os investidores. “Existe um comprometimento de um plano de governo que é um ancorado no ministro da Economia. O mercado se pergunta se tem chance de fato dele sair, e caso saia, o que poderá mudar” explicou. Para o economista, “essa semana será de volatilidade na bolsa e no câmbio”.
Na B3, também contribuiu para a baixa o vencimento de opções, que levaram o giro de negócios a um total de R$ 45,4 bilhões. No entanto, a possibilidade de mudanças no governo foi a novidade que mais deixou marcas. “O mercado começa a refletir a possibilidade de o Guedes ter subido no telhado. Mas o que ocorreu hoje (ontem), em ajuste de preço tanto em ações, como dólar e juros, está muito longe de ser uma consumação de sua saída. Com o Guedes fora do governo, o Ibovespa iria abaixo dos 80 mil pontos”, disse Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura.
“O mercado está começando a trabalhar com uma possibilidade que inexistia até a semana passada. A composição de risco agora é totalmente diferente, e os preços dos ativos estão respondendo a isso”, acrescentou, segundo a Agência Estado.
Dólar
No mercado de câmbio, o dólar alcançou um nível que não se via desde 22 de maio, quando a moeda norte-americana havia fechado em R$ 5,579. Na máxima do dia, a divisa americana subiu a R$ 5,514. Os profissionais das mesas de operação notaram o aumento da tensão provocado pelos rumores sobre a saída do ministro da Economia. “Por enquanto, são só rumores, uma vez que, se fosse verdade, as coisas no mercado estariam muito piores”, afirmou Paulo Sabat, gestor da mesa de Derivativos da Necton Investimentos.
*Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo