O número de desempregados e desalentados cresce no Brasil. A taxa de desocupação ficou em 13,7%, entre 19 a 25 de julho, maior do que na semana anterior (13,1%), e com alta significativa em relação à primeira semana de maio (10,5%). Esse é o maior percentual, desde o início da pesquisa, segundo dados da Pnad Covid-19, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com esse resultado, o número de pessoas que tentam trabalhar, mas não conseguem, chegou perto dos 41 milhões. O número é a soma dos 12,9 milhões de desempregados com os cerca de 28 milhões que não veem uma luz no fim do túnel — desistiram de procurar vaga, no entanto, gostariam de trabalhar se encontrassem oportunidade.
Os economistas Maria Andreia Lameiras e Marco Antônio Cavalcanti, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destacaram que a pandemia continua impondo efeitos negativos ao mercado de trabalho, apesar de os indicadores econômicos mais recentes apontarem para uma recuperação mais rápida da atividade do que a prevista inicialmente. “É difícil, porém, prever durante quanto tempo essa situação vai perdurar”, disseram.
A moradora de Nazário (GO) Kathllen da Silva Listo, de 36 anos, está sem trabalho fixo há um ano. Além de procurar emprego como assistente administrativo, busca vaga em outras áreas e está fazendo cursos on-line para se qualificar. Ela destaca, porém, que, apesar disso, sofre na hora da entrevista. “As empresas exigem a comprovação dos cursos que estão no currículo. Mas muitos certificados demoram para chegar. Além da pandemia, isso também atrapalha”, relata.
Também procurando emprego há um ano, Janara Rodrigues, 40, de Planaltina (DF), quer uma vaga em área da comunicação. Mesmo com pós-graduação e outros cursos, precisou fazer adaptações, com a ajuda de uma amiga, e aceitar vagas em qualquer cidade do país. “Após essa mudança no currículo, as entrevistas vêm ocorrendo, mas o emprego ainda não, infelizmente”. Ela reclama do excesso de exigências das empresas. “O que seria trabalho de uma agência se torna o trabalho de um único profissional”, conta.
Já a estudante Cristina Silva, 21, do Guará, foi dispensada no início da pandemia. Ela era cuidadora de idosos. “Estou entregando e enviando currículos e consegui três entrevistas”, conta. Mas com a crise sanitária, enfrenta algumas dificuldades. “A maior delas tem sido a locomoção, devido à aglomeração intensa de pessoas em ponto de ônibus e metrô”. Ela complementa que em “altas exigências das empresas e o baixo salário também são fatores que desanimam”.
*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo