Ao confirmar a saída dos secretários especiais Salim Mattar (Desestatização e Privatização) e Paulo Uebel (Desburocratização, Gestão e Governo Digital), o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que ocorreu uma debandada na pasta.
"Teve debandada. O caso anterior não era uma debandada”, disse Guedes a jornalistas, na noite desta terça-feira (11/08), após a reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em frente à entrada do ministério. Ele fez referência à saída de quatro integrantes da equipe nas últimas semanas.
De acordo com o ministro, Salim e Uebel pediram demissão por estarem insatisfeitos com falta de resultados em suas respectivas pastas. No caso de Salim, dono da Localiza, a justificativa da saída ocorreu porque ele não conseguiu entregar os projetos de privatizações e ficou insatisfeito com o ritmo determinado pelo presidente Jair Bolsonaro, segundo Guedes.
"Se eu pudesse, privatizava todas as estatais. Não conseguimos nem duas ou três. O trabalho não está andando e é natural que ele esteja preocupado", justificou o ministro. Ele voltou a afirmar que pretendia, pelo menos vender quatro estatais: Correios, Eletrobras, Codesp e Banco do Brasil SA.
De acordo com Guedes, Uebel pediu para deixar o governo porque a reforma administrativa foi adiada e ele disse ao ministro que preferia sair, após o presidente sinalizar que não tinha interesse em tocar a proposta neste ano e, provavelmente, no próximo.
Desfalque
Com a saída de Uebel e Salim, Guedes tem mais dois desfalques na equipe. Mas ele disse que ainda não havia sido uma debandada anteriormente. Mansueto Almeida deixou o Tesouro Nacional, Caio Megale saiu da diretoria de programas da Secretaria Especial da Fazenda e Rubem Novaes anunciou que deixará a presidência do Banco do Brasil no fim do mês.
Ele ainda citou a saída do secretário especial de Comércio Exterior, Marcos Troyjo, em junho, para ser presidente do Banco dos Brics, grupo de países emergentes integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. “Ele não deixou o governo e continua na equipe”, acrescentou.
O ministro fez questão de afirmar que Mansueto deixou o governo, porque pediu e ainda ficou um ano a mais do que o combinado. A saída do presidente do BB ocorreu, segundo Guedes, porque ele não se habituou com a capital federal. “Novaes saiu porque está cansado e não gostou dos ares de Brasília”, afirmou.
Outros integrantes da equipe deixaram o governo no passado, como o ex-secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, autor da proposta polêmica de criação de uma nova CPMF e de Joaquim Levy, que mal esquentou a cadeira no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ambos também da linha ortodoxa defendida por Guedes.
Após o anúncio do ministro, a pasta divulgou uma nota sobre a saída de Uebel e de Salim. “Os secretários agradecem a oportunidade e a confiança que receberam do ministro Paulo Guedes ao longo de todo o período em que estiveram no comando da secretarias. Ambos reiteram seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro, ao ministro Paulo Guedes e ao Ministério da Economia na execução de políticas públicas tão relevantes ao país”, informou o breve comunicado.