Conjuntura

Lucro do BB cai 25,3%

Banco do Brasil registra um saldo líquido de R$ 3,31 bilhões, com redução na receita e aumento das provisões por causa da pandemia. De saída, Rubem Novaes diz que a instituição está sólida e aguarda nova geração


A pandemia do novo coronavírus derrubou em 25,3% o lucro do Banco do Brasil (BB) no segundo trimestre deste ano. Com isso, a instituição registrou um lucro líquido ajustado de R$ 3,311 bilhões no último período da gestão de Rubem Novaes, que, no entanto, assegurou: o BB está sólido e pronto para ampliar suas receitas ainda neste ano.

O resultado financeiro do Banco do Brasil veio um pouco abaixo do esperado pelo mercado, que projetava um lucro líquido mais perto de R$ 3,4 bilhões. Porém, também não surpreendeu. Afinal, a crise causada pela covid-19 reduziu as receitas e elevou as provisões de todos o sistema financeiro.

No Banco do Brasil, a receita com a prestação de serviços caiu de R$ 7,43 bilhões no segundo trimestre de 2019 para R$ 6,96 bilhões no mesmo período deste ano. A redução na receita foi de 6,4%, até menor que a observada em outros grandes bancos brasileiros, e explica-se tanto pela desaceleração econômica causada pela pandemia, quanto pela queda da taxa de juros.

Já as provisões saltaram de R$ 4,14 bilhões para R$ 5,90 bilhões nesse período, em uma tentativa do banco de se blindar de uma eventual explosão da inadimplência na crise da covid-19. “O resultado não foi tão bom porque nós nos antecipamos à perda esperada e fizemos uma provisão conservadora, mais forte. Mas o banco continua trabalhando bem no sentido de gerar resultado”, disse Novaes.

O aumento das provisões foi de 42,4% e rendeu ao banco um índice de cobertura de 223,5% na inadimplência de 90 dias. Os números são conservadores, como disse Novaes, mas têm justificativa. Segundo o BB, a taxa de inadimplência brasileira não subiu na pandemia por conta das prorrogações que venceriam na quarentena. Porém, pode saltar dos atuais 2,9% para 7% — o mesmo nível de 2016 — entre o fim deste ano e o começo de 2021, quando as parcelas não puderem mais ser prorrogadas.

Rubem Novaes garantiu, por sua vez, que o BB está pronto para enfrentar esse cenário, tanto por conta do alto nível de provisões, quanto pelo fato de que continua ampliando seus negócios e receitas. A carteira de crédito, por exemplo, cresceu 5,1% no primeiro semestre. “O resultado estrutural do banco, excluídas as provisões, é de R$ 21,9 bilhões. É um crescimento de 11,7%, mostra que a máquina de gerar negócio continua produzindo resultado”, comentou.

Expectativa melhor

Em razão desses dados, a expectativa de Novaes é de que o segundo semestre traga resultados melhores para o BB. “Os números da economia estão vindo melhores do que a expectativa inicial. E, como nós talvez tenhamos sido um tanto exagerado do lado do conservadorismo no reconhecimento das perdas, a expectativa é de ter um segundo semestre melhor do que o primeiro. Nada excepcional, mas melhor”, emendou.

Esse número, contudo, será apresentado pelo sucessor de Novaes. O economista já avisou que está de saída do Banco do Brasil para ceder o lugar a “alguém mais jovem, mais ligado à geração digital e talvez com mais energia para enfrentar os novos tempos”. Novaes vê, sobretudo, a oportunidade de voltar para perto da família, no Rio de Janeiro, onde deve continuar atuando como assessor do ministro da Economia, Paulo Guedes. “A gente vai continuar junto e ele vai ter que continuar ouvindo meus pitacos”, avisou o presidente do BB.

Rubem Novaes disse, contudo, que ainda não há data para a sucessão no BB. Só garantiu que fica na instituição até passar o bastão ao seu sucessor, que, segundo o ministro da Economia, será o atual presidente do HSBC, André Brandão. Em entrevista à TV Record, Guedes contou que Brandão já aceitou o convite, mas vai precisar de uns 30 ou 40 dias para tomar posse no BB já que, hoje, mora em Nova York.