IBGE

Taxa de sindicalização cai em 2019, puxada pelo setor público

Grupo não é mais o primeiro em número de sindicalizados

Jailson R. Sena*
postado em 26/08/2020 16:43 / atualizado em 26/08/2020 17:30
 (crédito: Tony Winston/Agência Brasil)
(crédito: Tony Winston/Agência Brasil)

O número de trabalhadores sindicalizados diminuiu entre 2018 e 2019. A taxa de sindicalização caiu de 12,5%, em 2018, para 11,2%, no ano passado, com queda recorde no grupamento de administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde e serviços sociais, que registrou menos 531 mil pessoas sindicalizadas. As informações são do suplemento Características Adicionais do Mercado de Trabalho 2019, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta quarta-feira (26/8) pelo IBGE.

Com esse recorde de baixas desde o início da pesquisa em 2012, o grupo saiu da primeira posição no ranking das taxas de sindicalização, ficando atrás da agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (18,4% contra 19,4%). Já a taxa de sindicalização dos empregados no setor público caiu de 25,7% em 2018 para 22,5% em 2019.

Outra queda que chama a atenção é a do grupo dos transportes, armazenagem e correio, que tinha 20,9% de sindicalização no início da série histórica, em 2012, passou por uma queda intensa de 2017 (17,5%) para 2018 (13,5%) e chegou a 11,9% em 2019.

Depois de um aumento em 2013, o número de novos sindicalizados não registrou expansão em nenhum outro ano. Com isso, a queda desse contingente se acentuou a partir de 2016 e, mesmo com o crescimento da população ocupada a partir de 2017, o quadro não foi revertido.

Estados

Entre os estados, o Piauí se manteve com a maior taxa de sindicalização durante todas as pesquisas, saindo de 23,8% em 2012 para 23,9% em 2019. O Tocantins tinha a menor taxa no início da série (8,4%), mas em 2019, Alagoas ficou na última posição, com 6,1%.

Apesar da reforma trabalhista de 2017, que derrubou a obrigatoriedade de contribuição sindical anual, ter seu foco nos trabalhadores celetistas, os resultados mostram que a organização sindical como um todo foi afetada.

“As grandes centrais sindicais congregam trabalhadores do setor público e privado, como professores e médicos, por exemplo. Num primeiro momento, as atividades com mais contratos celetistas tiveram maiores quedas em 2018, porém a perda nos recursos e capacidade de organização e mobilização das centrais sindicais pode, também, ter afetado o setor público”, explica a analista do IBGE Adriana Beringuy.

A pesquisadora acrescentou que outro fator foram as aposentadorias: “No primeiro semestre de 2019, houve mais pedidos de aposentadoria no setor público do que em todo o ano de 2018. Os servidores mais antigos costumam ser associados a sindicatos, e suas aposentadorias representaram uma queda na taxa de sindicalização", pontua.

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