O Brasil perdeu 135,2 mil lojas só no segundo trimestre deste ano, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). O saldo é o pior da história e reflete o impacto da pandemia do novo coronavírus no varejo brasileiro.
Segundo a CNC, o Brasil contava com cerca de 1,34 milhão de lojas no início do ano e chegou a registrar a criação de 27 mil novos estabelecimentos varejistas nos três primeiros meses do ano. No segundo trimestre, auge da pandemia de covid-19 no país, contudo, viu 135,2 mil lojas fecharem as portas.
O saldo negativo representa 10% de todos os estabelecimentos comerciais que tinham algum vínculo empregatício no país. E supera o saldo negativo registrado em todo o ano de 2016, que registrou o fechamento de 105,3 mil lojas e, até então, havia sido o pior da história do varejo brasileiro.
"O segundo trimestre deste ano é o pior da história do setor, por conta da pandemia, que fechou muitas empresas e muitas empresas mão conseguiram voltar mesmo após a flexibilização", explicou o economista da CNC, Fábio Bentes. A CNC destaca que foi por conta disso que o comércio fechou quase 500 mil vagas de trabalho formal no segundo trimestre de 2020, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Segmentos
Segundo a CNC, o fechamento de lojas foi mais sentido justamente nos setores mais impactados pela pandemia do novo coronavírus. Ou seja, os setores considerados não essenciais, que precisaram fechar as portas diante das medidas de distanciamento social necessárias ao combate à covid-19 e que, em muitos casos, têm sentido uma retomada mais lenta, devido ao impacto da crise no bolso dos brasileiros.
Só o segmento de lojas de utilidades domésticas perderam 35,3 mil estabelecimentos, 12,9% do total existente antes da pandemia, de acordo com os cálculos da CNC. Outras 34,5 mil lojas foram fechadas no segmento de vestuário, tecidos, calçados e acessórios (-17%) e mais 20,5 mil no comércio automotivo (-9,9%). Apesar de ter funcionado na pandemia, o segmento de combustíveis e lubrificantes também perdeu 12,2% de suas lojas, um total de 5,4 mil pontos comerciais.
Já os ramos do varejo essencial foram menos impactados pelo fechamento de lojas, como os de mercados (-4,9% ou -12,0 mil lojas), as farmácias, perfumarias e lojas de cosméticos (-4,3% ou -5,3 mil lojas). O segmento que menos perdeu lojas, contudo, foi o de produtos de informática e comunicação, com -1,2 mil lojas, 3,6% do total.
Ainda de acordo com a CNC, todos os estados brasileiros registraram saldos negativos. O pior foi o de São Paulo: -40,43 mil lojas. E o menos negativo, o de Roraima: -250 lojas. No Distrito Federal, 2,430 mil lojas fecharam.
Por conta disso, a expectativa da CNC é que o setor varejista feche 2020 com um saldo negativo de 88,7 mil lojas, mesmo com o movimento de recuperação de vendas que começou a ser visto nos últimos meses, diante da flexibilização do isolamento social. A CNC explica que, mesmo retomando o consumo de certos bens não essenciais, o consumidor está cada vez mais adepto do comércio eletrônico. Por isso, essa mudança de hábitos tende a promover expansões menos intensas no número de lojas físicas do Brasil.
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