VIAGENS INTERNACIONAIS

Gastos de brasileiros no exterior continuam em queda em meio à pandemia

Dados do Banco Central apontam queda de 85,9% nas despesas com viagens internacionais em julho, somando R$ 267 milhões. Esse dado superou as receitas em R$ 127 milhões no mês passado

Rosana Hessel
postado em 25/08/2020 10:57 / atualizado em 25/08/2020 11:57
 (crédito: David Roark/Divulgação)
(crédito: David Roark/Divulgação)

Em meio à pandemia de covid-19, os gastos dos brasileiros no exterior continuam em queda. Em julho, as despesas com viagens internacionais despencaram 85,9% em julho na comparação com o mesmo período de 2019, para R$ 267 milhões, conforme dados divulgados, nesta terça-feira (25/8), pelo Banco Central. Descontadas as receitas com gastos de estrangeiros país, o saldo líquido da conta de viagens internacionais ficou negativo em R$ 127 milhões, recuo de 90,3% do deficit de R$ 1,3 bilhões computado no mesmo intervalo do ano passado. É o quarto mês consecutivo em que essa conta apresenta redução acima de 90%, de acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.

No acumulado do ano, as despesas dos brasileiros lá fora somaram R$ 3,8 bilhões, saldo 65,5% menor do que os R$ 10,7 bilhões registrados entre janeiro e julho do ano passado. Esse gasto superou as receitas em R$ 1,8 bilhão, dado 47,13% inferior ao contabilizado no mesmo período de 2019. Os números parciais do BC para o mês de agosto indicam o saldo da conta de viagem negativo em US$ 68 milhões.

De acordo com a nota do setor externo do BC, o deficit na conta de serviços atingiu US$ 1,8 bilhão no mês de julho, apresentado recuo de 47,1% ante o resultado de julho de 2019, US$ 3,4 bilhões. Além da forte queda na conta de viagens, a autoridade monetária destacou reduções de 32,9% nas despesas líquidas de aluguel de equipamentos, de US$ 1,6 bilhão para US$ 1,1 bilhão, e de 70,0% nas despesas líquidas de transporte, de US$ 601 milhões para US$ 181 milhões.

Balanço de pagamentos

Conforme do documento do Banco Central, as transações correntes do país com o exterior foram superavitárias pelo quarto mês consecutivo. O saldo positivo de julho foi de US$ 1,6 bilhão, ante deficit de US$ 9,8 bilhões no mesmo intervalo de 2019. “Essa reversão decorreu de alta de US$ 5,7 bilhões no superavit da balança comercial de bens e das reduções de US$ 4 bilhões e de US$ 1,6 bilhão nos déficits em renda primária e serviços, na ordem”, destacou a autoridade monetária.

Nos 12 meses encerrados em julho, o deficit em transações correntes somou US$ 31,7 bilhões, ou 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nos 12 meses encerrados em julho, ante saldo negativo de US$ 43,2 bilhões (2,7% do PIB) no período equivalente terminado em junho.

As exportações de bens somaram US$ 19,7 bilhões no mês passado, registrando recuo de 2,6% ante igual mês de 2019. As importações, de US$12,3 bilhões, tiveram declínio de 33,7% na mesma base de comparação. No Repetro, regime especial em que a Petrobras importa contabilmente plataformas que foram fabricadas no país mas registradas em subsidiárias no exterior, estimam-se importações de US$ 551 milhões em julho de 2020 e de US$1,8 bilhão em julho de 2019. Sem essas operações, as importações teriam apresentado redução de 29,8%, de acordo com o BC.

Em julho de 2020, o deficit em renda primária recuou 49,2% em relação ao mesmo mês do ano anterior, atingindo US$ 4,1 bilhões. “As despesas líquidas de lucros e dividendos situaram-se em US$ 669 milhões, 77,8% inferiores aos US$ 3 bilhões ocorridos no mês equivalente do ano anterior. Esse resultado provém de retração das receitas em US$ 1,4 bilhão, para prejuízo de US$ 188 milhões, e contração das despesas em US$ 3,8 bilhões, para US$ 481 milhões”, informou a nota do BC.

Os gastos líquidos com juros somaram US$ 3,5 bilhões no mês, recuo de 32,6% na comparação interanual, destacando-se as despesas com juros de títulos negociados no mercado doméstico, US$ 1,7 bilhão, representando redução interanual de 37,9% na comparação com US$ 2,7 bilhões em julho de 2019. No acumulado do ano, o deficit em renda primária totalizou US$ 27,3 bilhões, 20,7% inferior aos US$ 34,4 bilhões registrados no ano anterior.

Reservas

Os dados do BC indicaram ainda que o estoque de reservas internacionais atingiu US$ 354,7 bilhões em julho, aumento de US$ 5,9 bilhões em comparação ao mês de junho. Segundo o órgão, o aumento do estoque de reservas internacionais teve a contribuição “do resultado líquido positivo de US$ 2,4 bilhões nos diferentes instrumentos de intervenção no mercado de câmbio – US$ 2,6 bilhões de retornos líquidos em linhas com recompra, US$ 205 milhões de retornos líquidos nas operações compromissadas em moeda estrangeira e US$ 365 milhões de vendas à vista”. Adicionalmente, as variações por paridades e por preço e a receita de juros elevaram o estoque, respectivamente, em US$ 2,5 bilhões, US$ 524 milhões e US$ 416 milhões.

Dados revisados

A autoridade monetária revisou os dados estatísticos do setor externo de 2019, e, com isso, o efeito líquido da revisão elevou em US$ 1,5 bilhão o deficit em transações correntes, de US$ 49,5 bilhões (2,7% do PIB) para US$ 50,9 bilhões (2,8% do PIB).

A revisão na renda primária atingiu US$ 1,4 bilhão, com seu deficit passando de US$ 56,1 bilhões para US$ 57,5 bilhões. O superávit da balança comercial de bens foi revisado em -US$ 0,3 bilhão, em função do aumento das importações de energia elétrica. O impacto da incorporação dos resultados definitivos das declarações de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE) anual, especialmente das movimentações no exterior, na revisão da conta de serviços foi praticamente nulo, ratificando as estimativas realizadas.

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