A Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) finalizou as negociações com dois bancos estatais de desenvolvimento brasileiros e assinou, nesta terça-feira (11/8), contratos de dois empréstimos de 70 milhões de euros (aproximadamente R$ 440 milhões) cada. Os contratos foram assinados com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e com o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). O objetivo é financiar ações de recuperação da economia com a crise ocasionada pela pandemia do novo coronavírus.
Em entrevista ao Correio, o diretor da AFD no Brasil e Cone Sul, Philippe Orliange, explica que os empréstimos não foram firmados com o governo, mas sim com os bancos brasileiros, que partilham dos mesmo ideais da instituição, ou seja, o fomento a um desenvolvimento sustentável.
Os acordos fazem parte do pacote de medidas para financiar o Programa Emergencial de Apoio à Renda de Populações Vulneráveis Afetadas pela Covid-19 no país, aprovado na Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex), ligada ao Ministério da Economia e que emitiu a Resolução Nº 1 de 25 de maio de 2020, publicada no Diário Oficial da União.
Além do BNDES
"Esses bancos públicos querem diversificar as fontes de recurso que acessam e, para isso, contatam órgãos estrangeiros como a AFD. Muitos deles tinham como principal fonte de captação de recursos o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, agora, com a crise do novo coronavírus, procuram diversificar sua carteira de investidores", explica Orliange.
Projetos de desenvolvimento sustentável, tais como os que visam reduzir consequências do efeito estufa, incentivar a educação e promover ações de impacto social, são o foco da ajuda desse empréstimo. Segundo o diretor da AFD no Brasil, um dos primeiros projetos a ser colocado em prática pelo BDMG serão obras para melhorar estruturas em cidades mineiras afetadas por alagamentos no início do ano.
"Há uma necessidade de adaptar estruturas para melhoria climática e nós sabemos que alagamentos como esses, dessas cidades em Minas Gerais, são consequência de transformações climáticas", esclarece o responsável pela agência.
Pagamento em 12 anos
“A agenda da sustentabilidade no Brasil é uma agenda forte e, ao pedir os empréstimos, os bancos apresentaram alguns dos primeiros projetos em que o dinheiro será investido. Em um empréstimo como esse, há objetivos não financeiros a serem atingidos. São eles que determinarão o tempo das fases de devolução do dinheiro”, informa Philippe Orliange.
O empréstimo aos bancos de desenvolvimento brasileiros será realizado em parcelas, conforme o resultado dos projetos aplicados. O empréstimo tem uma carência de três anos, ou seja, durante esse tempo, os bancos só pagarão o juros da dívida. Posteriormente, as duas instituições terão o prazo de 12 anos para realizar o pagamento.
Agências como a AFD são procuradas para fazer esses empréstimos por conta das condições de pagamento que se apresentam melhor do que uma instituição financeira comum, para empréstimos de crédito a longo prazo.
Por meio de uma rede de 85 agências no mundo, o Grupo AFD financia e acompanha atualmente mais de 4 mil projetos e programas de desenvolvimento. No Brasil, a agência trabalha desde 2007 com os setores público e privado.
“Acho importante a população brasileira saber que existem outras formas e modalidades de empréstimo, sem o aval da União e com condições de pagamento que levam em consideração o progresso do Brasil, principalmente em um momento como o que estamos passando, o da crise do coronavírus, em que muitos estão passando por dificuldade”, conclui o representante da instituição francesa no Brasil.
*Estagiária supervisionada por Humberto Rezende
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