A pandemia da covid-19 vem afetando drasticamente os gastos de brasileiros no exterior com viagens internacionais, ajudando a reduzir o deficit do balanço de pagamentos do país com o resto do mundo. Dados do Banco Central mostram que as despesas líquidas com viagens ao exterior encolheram 93,7% em junho, na comparação com o mesmo período de 2019, para US$ 72 milhões.
O encarecimento do dólar, e, sobretudo, o fechamento das fronteiras para combater a disseminação do novo coronavírus explicam a queda dos gastos.
De acordo com Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, junho foi o terceiro mês consecutivo em que esse deficit ficou abaixo de US$ 100 milhões. “Estamos prevendo que julho também fique abaixo desse patamar, completando o quarto mês consecutivo”, apostou. Até o último dia 23, o saldo negativo do mês estava em US$ 88 milhões.
A forte queda dos gastos com viagens no exterior contribuiu para a queda de 61,4% na conta de serviços, na mesma base de comparação, para US$ 1,4 bilhão, segundo o BC. No acumulado do semestre, o saldo negativo de despesas de brasileiros com viagens no exterior ficou em US$ 1,7 bilhão, valor 70% inferior ao deficit de US$ 5,7 bilhões computados no mesmo período do ano passado.
Investimento direto
Os dados do BC ainda mostram que o ingresso líquido de investimentos diretos no país (IDP) somou US$ 4,8 bilhões em junho, ante US$ 574 milhões no mesmo mês de 2019. Os ingressos líquidos em participação no capital e em empréstimos intercompanhias atingiram US$ 3 bilhões e US$ 1,8 bilhão, respectivamente.
No acumulado em 12 meses encerrados em junho de 2020, o IDP totalizou US$ 71,7 bilhões, em comparação a US$ 67,5 bilhões no mês anterior. No mês passado, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o Banco Central mudou a estimativa reduziu a perspectiva para para entrada de IDP no país, de US$ 60 bilhões para US$ 55 bilhões.