Ibovespa fecha em queda com apreensão por pacote econômico nos EUA

Mercado internacional está atento à queda de braço entre Democratas e Republicanos para decidir os termos do pacote que pode chegar a US$ 1 trilhão em incentivos

Diferente do que ocorreu na segunda-feira (27/7), o índice Ibovespa teve leve recuo de 0,35% nesta terça-feira (28/7), aos 104 mil pontos. O dólar, por sua vez, encerrou praticamente no zero a zero, vendido a R$ 5,15. As expectativas por um novo pacote econômico nos Estados Unidos deram o tom novamente nos mercados. O congresso americano ainda discute os termos, com embates entre democratas e republicanos, mas o mercado já vê o pacote como certo. O problema, no entanto, está justamente no tamanho.

No início do dia, as bolsas americanas e europeias abriram em leve queda, refletindo as expectativas internacionais dos estímulos econômicos americanos. O dia poderia ser positivo na B3, não fosse a influência das discussões dos EUA nos mercados. É o que explica Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.

"Se a gente não tivesse notícias de lá, talvez seria um dia interessante na nossa bolsa. Podia ter mais positivo como foi ontem. Hoje o mercado inteiro estava esperando o que os EUA iriam fazer. Essa discussão, na verdade, é por conta do volume, não se vai existir ou não. O pacote está lá, mas tem que ver quem vai sair vitorioso na queda de braço dos republicanos e democratas", disse.

Depois da alta de 2% na segunda-feira, no entanto, Franchini vê como normal a oscilação para baixo nesta terça. Além das discussões sobre o pacote nos EUA, o Federal Reserve (Fed), Banco Central americano, começou a se reunir hoje para discutir as taxas de juros no país e definir estratégias para estimular a economia.

"Espera-se que até as 15h de amanhã tenha o discurso. O mercado está atento e pode ser que haja uma movimentação. Alguma coisa o Fed terá de fazer, seja com recompra de papéis ou corte de juros, ações são necessárias e precisam ser mais perpétuas a recuperação econômica. No início da crise, o Fed não estava tão propenso a isso, mas agora o discurso mudou", explicou.

Já na questão das farpas trocadas entre Estados Unidos e China, investidores ficaram preocupados com a integridade do acordo comercial entre as duas nações. Porém, de acordo com Rodrigo, a sensação que se tem é de que o assunto ficou em "standby" e existem assuntos mais importantes no momento, como as eleições presidenciais no fim do ano. Segundo ele, novas discussões e troca de farpas podem ocorrer, mas sem grandes problemas.

"As duas economias não podem romper relações. Isso já ficou bem claro. Por enquanto, parece que esse assunto ficou em standby. Existem outros assuntos mais importantes. No problema do consulado, acreditava-se numa nova guerra comercial. Mas isso não seria viável. Vai ter eleições nos EUA, é difícil essa linha, de deixar faltar matéria prima, economicamente não é viável. Muito provavelmente vai ter um novo presidente em novembro. Não tem porque a China fazer isso se não sabe quem vai estar como favorito na corrida", explicou.

No cenário nacional, está prevista para a próxima semana uma nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Atualmente a taxa básica de juros está em 2,25% ao ano, após cortes sucessivos. Franchini aposta em um novo corte de 0,25%. "Essa possibilidade há 20 dias era mais remota. Claramente a gente tinha inflação, varejo surpreendendo. Se o varejo acelerou e houve inflação, houve consumo da base e especulação de que as classes mais pobres tiveram aumento da renda por causa do Auxílio Emergencial. Falava-se que não havia consenso no Copom sobre um novo corte. Minha apostas é de um novo corte de 0,25% e uma manutenção dessa taxa. Depois, o Copom esperaria a retomada natural da economia", apostou o especialista.


*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader