Brasil perdeu 1,19 milhões de empregos formais no primeiro semestre

Dado do Caged reflete uma queda de 18,3% nas admissões e um aumento de 1,3% nas demissões, uma consequência da crise de covid-19

Mais de 1,19 milhão de postos de trabalho formais foram fechados no Brasil no primeiro semestre deste ano, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Com isso, o estoque de empregos formais do país recuou para 37,6 milhões de vagas.

O desempenho do mercado de trabalho formal nos seis primeiros meses deste ano foi divulgado nesta terça-feira (28/7) pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia e reflete, sobretudo, o impacto da pandemia do novo coronavírus na economia brasileira.

Segundo o Caged, o saldo do emprego formal foi negativo em 1.198.363 no primeiro semestre deste ano. O resultado é bem diferente do saldo positivo de 408,5 mil vagas registrado no mesmo período do ano passado e é consequência de uma queda de 18,3% nas admissões, além de um aumento de 1,3% nos desligamentos. É que, no primeiro semestre deste ano, o país 6,718 milhões de contratações e 7,916 milhões de demissões.

O estoque do emprego formal recuou, sobretudo, no setor de comércio e serviços. Como foi o mais afetado pelas medidas de distanciamento social impostas pela pandemia do novo coronavírus, o setor fechou 982,2 mil vagas, sendo 507,7 mil nos serviços e 464,5 mil no comércio. Mas o saldo também foi negativo na indústria (-246,5) e na construção civil (-32 mil). Só a agropecuária, portanto, conseguiu ampliar o seu estoque de emprego formal, abrindo 62,6 mil novas vagas de trabalho.

Pandemia


A maior parte dessas 1,1 milhão de vagas foram perdidas em meio à crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus. O Caged explica que o Brasil começou a registrar saldo negativo no emprego formal a partir de março, quando a covid-19 impôs o fechamento de uma série de atividades econômicas.

De acordo com o Cadeg, o Brasil chegou a criar 114,7 mil e 226,3 mil vagas de emprego formal em janeiro e fevereiro deste ano, respectivamente. Porém, fechou 259,9 mil postos de trabalho já em março, quando teve início a pandemia. E esse número atingiu o pico de 918,2 mil fechamentos em abril, mês que é considerado o fundo do poço da crise do novo coronavírus. Depois disso, o saldo do emprego formal continuou negativo, mas o fechamento de vagas desacelerou: foram perdidas 350,5 mil vagas em março e 10,9 mil em junho.

O Ministério da Economia afirmou que o mês de junho teve 16% menos desligamentos e 24% mais admissões do que maio. E o resultado foi ainda melhor que o de abril, com um incremento de 43% nas admissões e uma queda de 41% nas demissões. Em termos anuais, contudo, o Caged ainda aponta uma redução de 28% nas contratações e de 24% nas demissões em relação ao mesmo mês do ano passado.

Ao todo, o mês de junho registrou 906.444 demissões e 895.460 contratações neste ano. O saldo negativo foi puxado pelo setor de serviços e é o terceiro pior para o mês de junho da série histórica do Caged, perdendo apenas para os meses de junho de 2015 (-111,1 mil) e 2016 (-91 mil).

Intermitente


Como antecipou o Correio, o saldo de trabalho intermitente seguiu na direção oposta e cresceu no primeiro semestre deste ano. Só em junho, 5,2 mil vagas foram criadas nesse regime de trabalho, em que o funcionário é convocado de acordo com a demanda da empresa e é pago pelas horas trabalhadas. Com isso, o saldo de emprego intermitente foi positivo em 20,5 mil vagas no primeiro semestre.