Foi durante a pandemia que a antropóloga e artista Lelia Lofego teve a ideia de começar a fazer colagens como uma forma de arte terapêutica. Uma das idealizadoras do Vilarejo 21 — Espaço de arte, criatividade e cultura, que conta com quatro sócios, ela publicou no Instagram pessoal um chamado para artistas dispostos a investir tempo na produção de colagens. A partir daí, formou um coletivo com 14 pessoas. São eles os autores dos trabalhos de ColetivodeColagem, exposição em cartaz na Galeria Parangolé, no Espaço Cultural Renato Russo, da 508 Sul.
Juntos, os artistas escolheram 10 temas — dor, caos, esperança, memorabília, guilty pleasure, floresta mística, palavra, infante — a partir dos quais trabalharam com as colagens. No total, cada artista produziu um trabalho sobre cada tema. "É um universo muito inclusivo, bem heterogêneo, com pessoas de várias formações, não só de artes visuais", conta Lelia. "Entre junho e dezembro, a gente se encontrou uma vez por mês no Vilarejo 21 para colar a partir de temas que surgiam espontaneamente. É um coletivo muito horizontal e escolhemos os temas juntos."
Localizado no Altiplano Leste, o Vilarejo 21 é um espaço independente que acolhe artistas interessados em pesquisar, explorar e sair da rotina do ateliê. Para criar os trabalhos de ColetivodeColagem, eles trabalharam em conjunto durante seis meses antes de realizar uma curadoria para selecionar os trabalhos expostos na Parangolé. "A colagem é a linguagem artística mais democrática que existe, não demanda habilidade técnica e não demanda dinheiro", explica Lelia. "Você pode pegar folha que foi descartada, pode rasgar com a mão, colar com qualquer cola, grudar com clips, grampo. A primeira coisa da colagem é isso: é uma linguagem artística acessível a todo mundo."
Com essa ideia, os artistas passaram a explorar as próprias linguagens em torno do tema comum. A intenção era também estimular o processo de criação de cada um. "Trabalhamos com livros e revistas, muitos de descarte e outros comprados em sebos. E com cola escolar mesmo. O suporte pode ser papel, mas também podemos trabalhar com qualquer tipo de suporte, como madeira, metal, espelho. A busca do suporte faz parte do processo de criação", arremata Lelia.