Cinema

Em entrevista ao Correio, Glória Pires trata de tópicos de nova comédia

Desapega! é a comédia de Glória Pires feita ao lado de Maisa, e que questiona o valor das compras e a importância da aquisição de objetos

Ricardo Daehn
postado em 10/02/2023 07:38 / atualizado em 10/02/2023 08:44
 (crédito: Imagem Filmes/Divulgação)
(crédito: Imagem Filmes/Divulgação)

Crítica // Desapega! ##

Feito há cinco anos, o longa Fala sério, mãe!, apoiado nos carismas de Ingrid Guimarães e Larissa Manoela, traz muito do que é visto no mais novo filme estrelado por Glória Pires. Depois do êxito extremo em comédia, com Se eu fosse você e do estranhíssimo Linda de morrer, Glória Pires entra numa quase roubada, no pretenso filme cômico de Hsu Chien (Quem vai ficar com Mário?). Uma tentativa de solidificação de amizade com a filha, Duda (Maisa, de Cinderela pop), faz Rita (Pires) passar aperto ao longo da trama.

No filme, em que desponta o cuidadoso trabalho de direção de arte de Zé Luca, o roteiro escrito por Leandro Matos (de Amor.com) praticamente inviabiliza a graça. Com direito a cinco colaboradores (entre os quais Hsu Chien e Glória Pires) no desenvolvimento da trama, o longa trata da gangorra de altos e baixos no cotidiano de compradores compulsivos. A vida profissional de Rita, desligada das compras há sete anos, tem muito peso, a exemplo do alvo amoroso dela, Otávio (Marcos Pasquim), também dependente de aquisições de produtos. Para complicar a vida de Rita, a filha dela pretende seguir para Chicago, a fim de aproveitar bolsa de estudos.

Merchandise descarado, e idas a supermercado e shopping nunca foram grandes motivos de riso, especialmente, quando entram em cena artistas sem muita experiência, a exemplo de Carol Bresolin. Uma série de coincidências também não convence no filme do mesmo diretor de Me tira da mira (com Cleo). Entre os atores, destaque para Matheus Costa, que vive um pretendente de Duda, e Wagner Santisteban, na pele do bem intencionado Rômulo.

Três perguntas // Glória Pires

Ainda perdura a ideia de que haja problemas nos roteiros de cinema nacional?

Eu ainda acho que é uma tendência deixar os roteiros grandes demais, Acho que isso é um problema na hora de montar o filme: uma coisa é você ter opções de montagem, mas acredito que a história tem que estar muito redonda. Ainda há uma ideia de que os roteiros tenham que ser desenvolvidos em 90, 100 páginas. Eu acho que complica muito depois para você tirar coisas. Um roteiro justo, menor, te traz mais possibilidades; você fica com mais artifícios para contar essa história com mais tempo. Ao passo que, quando você tem muita história, depois, para tirar, muitas vezes isso pode prejudicar a narrativa. É a minha opinião.

Como se pode combater a questão do ninho vazio, um dos tópicos do filme?

Tive uma crise do ninho vazio. Mas a minha sorte é a de que eu estava trabalhando. Eu acho que o trabalho é um grande apoio para você superar. No meu caso, era uma insegurança de ter a ideia de não haver passado o suficiente: o conhecimento necessário para que as minhas filhas pudessem se virar sozinhas, se proteger, fazer boas escolhas, quando fossem morar só.

Você guarda coisas com apego extremado?

Tenho um livro, até hoje, que a minha avó lia para mim quando eu era criança. Sou bastante apegada a determinadas coisas: situações de alegria, tempos de felicidade e pessoas especiais. Isso tudo eu guardo. Tenho dificuldade em me desfazer, e nem vejo sentido em me desfazer disso.

 

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