
A partir de cinco dias antes da lua cheia, o filme Nas Terras Perdidas engrena o enredo formatado, na origem, por conto de George R.R. Martin, renomado por ser a mente por trás de Game of Thrones e A casa do dragão. Conto de fadas aparente, o filme juntará magia, feitiçaria e jornada de aventura, tendo por centro a figura de Gray Alys (Milla Jovovich), que vive para concretizar desejos de terceiros, e se gaba de "não recusar ninguém". O longa de Paul W.S. Anderson (Resident Evil) está ambientado num tempo à la Mad Max, com toques de He-Man, em que sobrou resquício de humanidade nas pessoas, dominadas pela ignorância de cultos e por corrupção na sociedade. Hereges, pecadores e bruxas estão na resistência em que todos teme o poder do Soberano.
"Todos os homens são feras", identifica Boyce (Dave Bautista), que transita num mundo como viajante e mercenário; nisso, ele conhece acessos ao Rio das Caveiras, Antro das Sombras, Entreposto Comercial e Campos Fumegantes, itinerários dos quais Gary precisará. Com uma estética deficitária, o longa piora, com uma dupla de vilões improváveis formada pela personagem de Arly Jover (de Millennium — Os homens que não amavam as mulheres, de 2011, e Blade, 1998) e de Jerais (Simon Lööf, nada convincente, num papel fracote).
Em dois dos piores momentos, a vilã aparece usando descolados óculos escuros e, correndo em frente a um trem desgovernado, Milla Jovovich beira o trash, pela imagem constrangedora. Na trama, uma rainha (papel de Amara Okereke) descompensada não agrega nada ao filme. Por outro lado, no filme que tem o tosco acabamento ao estilo de O auto da compadecida 2, traz elementos interessantes como o da cobra de duas cabeças e o poder da personagem de Mila de criar ilusões. A rede de intrigas formulada por feitiços sobrepostos e a integridade do heróico tipo de Bautista não salvam, quando se leva em conta o capenga embate, numa cena, de figuras que parecem lobisomem e Wolverine. Pífio.