Crítica

Talento em dose dupla: Robert De Niro, sempre íntimo da máfia

No mais recente filme, o astro Robert De Niro interpreta mafiosos em conflito nos idos de 1950

De Niro e Debra Messing, 
em The Alto Knights -  (crédito: Warner)
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De Niro e Debra Messing, em The Alto Knights - (crédito: Warner)

Crítica // The alto knights — Máfia e poder ★★★★

Não à toa um trecho do clássico de James Cagney, Fúria sanguinária (1949), estampa parte da trama de The alto knights — Máfia e poder, de Barry Levinson, o diretor de Rain man e de Bugsy. Com mais de 80 anos, ele conduz um filme à moda antiga, e sobre ícones da contravenção mortos há mais de 50 anos.

A façanha é incrementada pelo roteiro afiado de Nicolas Pillegi, criador das situações de Os bons companheiros (1990) e Cassino (1995), e ainda produtor dos longas O irlandês (2019) e O gângster (2012). Em dose dupla, coroa-se o talento de Robert De Niro — intérprete dos amigos e futuros (momentâneos) desafetos Frank Costello e Vito Genovese, líderanças da máfia novaiorquina. Relações de confiança e domínio, entre Brooklin, Bronx e Queens, para citar alguns bairros, são niveladas por apodrecimento de setores da sociedade que incluem promotores, prefeitos e políticos como o senador Estes Kefauver (Wallace Langham).

Em determinado momento, o comedido Frank se identifica como "dinossauro (lutando) contra a extinção", e nisso, contempla os talentos, em xeque, nos bastidores do filme. Ainda que reclame o posto de aposentadoria, o circo de clubes, oportunidades de dinheiro fácil, cassinos e trazem um entretenimento de nível, na realização de Levinson. Para além das dinâmicas com as esposas Bobbie (Debra Messing) e Anna (Kathrine Narducci, de Família Soprano), os protagonistas criam sequências tensas e divertidas.  A destacar, o passeio com os cachorros vestidos de retalhos de vison, o debate sobre mórmons, uma fuga coletiva e desastrosa de carros e as tiradas das sessões de tribunais. Entre as personas de Robert Duvall e Joe Pesci, De Niro embala bem um dos papéis, imerso na era da Lei Seca, no filme que tem as brilhantes sequências do barbeiro e da adesão à Quinta emenda da Constituição norte-americana.

 

Ricardo Daehn
postado em 21/03/2025 15:11 / atualizado em 21/03/2025 15:11