Felipe Queiroz de Carvalho é um artista discreto e muito produtivo. Há décadas trabalha com afinco no ateliê e, de uns anos para cá, gosta de postar tudo nas redes sociais, mas nunca havia feito uma exposição individual. É em tom de descoberta que a Casa Aerada apresenta Síntese, que reúne obras de praticamente todas as fases de Felipe. "Sempre trabalhei, mas trabalhei para mim, era uma coisa minha, era uma necessidade, trabalhar, produzir, mas sem aquela coisa de me mostrar, aparecer. Eu era discreto. Meu trabalho sempre foi muito no desenho", explica. No total, o artista apresenta 40 trabalhos em técnicas variadas como papel, aquarela, guache e pastel.
Nascido no Rio de Janeiro, o artista, 74 anos, chegou em Brasília aos 10 anos. Cresceu na capital que acabava de nascer, se tornou servidor público e levou a produção artística em paralelo. Formado em educação artística, nunca chegou a dar aulas e começou a desenhar porque era fascinado pelo que via nos livros de história da arte. Menino, com o pai, saía a campo para o registros vivos e apostou muito na figuração. "Quando criança, pegava os livros de arte e copiava os desenhos, e queria desenhar tão bem quanto um renascentista", conta.
Mas é a abstração que marca o trabalho de Felipe. "De repente, comecei a me cansar daquela coisa de pintar paisagens, retratos, queria uma coisa que pudesse soltar mais a imaginação. Daí falei 'vou abstrair, fazer uma coisa que não seja figurativa'. Comecei a tatear e hoje tenho uma linha de trabalho. E gosto muito. Trabalho todo dia. Tenho uma produção muito grande", avisa.
A produção constante começou a ganhar mais visibilidade quando Felipe começou a publicar as imagens nas redes sociais. "Comecei a ter uma receptividade muito boa. Recebia ofertas de compra de trabalho, mas era muita coisa de gente querendo dar golpe, se dar bem. Então não vendia, só vendo no ateliê", conta. A timidez também fez o artista se recolher ao ateliê e ao mundo virtual. "Trabalhava sozinho, tinha meu ateliê. Acho que tenho uma aversão. Essa coisa da arte em Brasília sempre foi muito de grupinhos fechados, e eu não tinha essa coisa de entrar nesses grupos", explica.