Artes cênicas

Ancestralidade e amores perdidos invadem o Cena Contemporânea

Cena Contemporânea tem espetáculos variados com trabalhos produzidos por diretores e atores de Brasília

A 25ª edição do Cena Contemporânea teve início esta semana com um panorama da produção cênica do Distrito Federal e do Brasil. Nesta sexta-feira (8/11), no sábado (9/11) e no domingo (10/11), sete espetáculos estão programados e carregam em suas dramaturgias os temas mais variados, da ancestralidade e envelhecimento aos amores platônicos não vividos. Confira os destaques da programação do festival neste fim de semana. 

Manifesto do eu só

Sábado (9/11), às 20h, no
Teatro Sesc Paulo Autran
de Taguatinga

Autoficcional, a peça da diretora e atriz Jordana Mascarenhas apresenta uma mulher anônima que rememora os amores platônicos deixados para trás e não revelados. São mulheres que ela amou, mas para as quais nunca se declarou. Pesquisadora em dramaturgias, Jordana queria um espetáculo que refletisse o que chama de mitologias do corpo."Minhas dramaturgias surgem a partir de mim, são minhas mitologias. E mitologias outras, que vou resgatando no meu cotidiano", avisa. No palco, ela mesma encena o monólogo que mergulha em paisagens e elementos do cotidiano. 

 

Bruno Stuckert -
Lola Garcia Garrido -
nilton fukuda -
Ismael Monticelli/ Divulgação -

A escultura 

Nesta sexta (8/11) e domingo (10/11), às 20h30,
no Teatro dos Bancários

Referência da história da dança contemporânea em Brasília, Yara de Cunto sobe ao palco para refletir sobre a própria trajetória. Com direção de Adriano Guimarães, o espetáculo trata de questões como o envelhecimento, a força da atuação e a força de uma vida dedicada às artes cênicas. "É, basicamente, uma pergunta que a gente faz: por que sair do palco com determinada idade? No balé clássico, as bailarinas se aposentam com 40 e poucos anos. E é isso. Queríamos trazer essa questão e ver o que é possível que se faça, que tipo de poética isso pode gerar", diz Guimarães. Antes de se tornar coreógrafa, Yara recebeu todo um treinamento como bailarina, se formou pela escola de balé clássico do Teatro Municipal do Rio de Janeiro aos 14 anos, integrou o corpo de baile da casa e fez parte do Balé do IV Centenário de São Paulo, considerado o primeiro grupo de dança contemporânea profissional da capital paulista, fundado em 1959. Em Brasília, para onde veio nos anos 1990, fundou com Gisele Rodrigues o grupo BaSirah — Núcleo de Dança Contemporânea. Aos 85 anos e com uma deficiência visual que a impede de enxergar, a atriz e coreógrafa é guiada no palco por Gisele Rodrigues.

Nzinga

Domingo (10/11), às 19h, na Sala Multiuso do Espaço Cultural Renato Russo

A atriz Aysha Nascimento traz para o palco a história da rainha Nzinga, que ajudou a proteger o reino do Dongo, mais tarde região de Angola, da invasão portuguesa no século 18. O projeto foi idealizado durante a pandemia e tomou forma durante o isolamento. "A Nzinga serve de pretexto para falar sobre a ética comunitária, a irmandade, esse conceito africano de juntar a comunidade e ter o poder de forma distribuída, sem tantas hierarquias", avisa Aysha. "A gente começou então a pesquisa sobre a Nzinga, chamamos até uma rainha contemporânea para falar como seria uma rainha contemporânea", conta, ao revelar que a pesquisa para criar a dramaturgia envolveu um mergulho também na cultura e na história angolanas. "A gente está tratando de uma cultura calcada na palavra, na oralidade, e isso é muito importante para essas culturas bantu. A gente traz a força da palavra e vai refletindo junto com o público. A palavra não só narra o que está acontecendo, mas narra a paisagem", explica Aysha. 

no hay banda

Nesta sexta (9/11), às 19h, na Sala
Multiuso do Espaço Cultural Renato Russo

A meio caminho entre a performance e o teatro, o espetáculo do argentino Martin Flores Cárdenas parte da história do próprio ator para construir um universo intimista que transita entre a ficção e a não-ficção. O corpo é o próprio limite de Cárdenas, que o coloca a serviço de uma narrativa disposta a investigar a materialidade do teatro. No palco, o ator-autor vive um diretor convidado a encenar um espetáculo em um importante festival de teatro. Mas não há espetáculo.

 


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