Crítica

Estrela que cai: confira a crítica do filme Malu, baseado em vida real

Premiado filme nacional traz a trama de luta da atriz Malu, personagem baseado em Malu Rocha

Uma visão libertária e resultante de embates contra o sistema de uma mulher contestadora venceu há poucos dias múltiplos prêmios no 26º Festival do Rio. Atrizes foram premiadas, junto com o diretor do filme considerado a melhor ficção, ao lado de Baby. Malu Rocha, retratada no longa e morta há 11 anos, firmou amizade com o dramaturgo Plínio Marcos e ainda enfrentou a censura da intelectualidade, com ações da ditadura militar.

Desbocada, repleta de crenças utópicas, por vezes destrambelhada e divertida, a protagonista é vivida por Yara de Novaes. É uma bela homenagem à memória da atriz egressa do Teatro Oficina e que, entre convivência doce e cansativa, é a mãe do diretor do filme, Pedro Freire. Em muito cômico, nos arredores de um subúrbio praiano do Rio de Janeiro, o filme acusa um quê do universo de Joaquim Pedro de Andrade, especialmente nos embates entre Malu e a mãe Lili (a excelente Juliana Carneiro da Cunha). Quem também vive altos e baixos é a filha de Malu, Joana, interpretada por Carol Duarte.

Apoiando dolorosos relatos e outros tantos bastante divertidos, o diretor discute temas femininos — e alarga o universo, com a figura de Tibira (Átila Bee), momentâneo agregado da casa de Malu. Numa fusão entre passado e futuro, o longa trata de sonhos enterrados e de afetos postergados. Num dos melhores momentos, junto a um padre oportunista, salta a verve impossível de Malu. Contestação pura e dura que, em parte, lembra, no desfecho, de Durval discos.

 

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