Artes visuais

Brasil sincrético é tema de exposição do artista Vinicius Vaz

Exposição do artista Vinicius Vaz reúne pinturas nas quais retrata elementos da formação da identidade brasileira 

Uma mistura de entidades afro-indígenas guia o  artista na pintura Okê Arô Oxóssi! Salve Caboclo Cobra Coral -  (crédito: Fotos: Vinicius Vaz)
Uma mistura de entidades afro-indígenas guia o artista na pintura Okê Arô Oxóssi! Salve Caboclo Cobra Coral - (crédito: Fotos: Vinicius Vaz)

A pintura sempre esteve presente na vida do artista Vinicius Vaz como um espaço de expressão de histórias e é esse caminho que ele propõe aos visitantes na exposição A história que o Brasil não conta, em cartaz na galeria Mercato, no Conic. Neto de indígenas xakriabá e de negros escravizados, o artista traz o universo da ancestralidade para a tela e não hesita em compor com elementos que vão da sincronicidade religiosa ao uso de cores  fortes e traços extremamente figurativos. 

  • Uma mistura de entidades afro-indígenas guia o  artista na pintura Okê Arô Oxóssi! Salve Caboclo Cobra Coral
    Uma mistura de entidades afro-indígenas guia o artista na pintura Okê Arô Oxóssi! Salve Caboclo Cobra Coral Fotos: Vinicius Vaz
  • Referência da história da arte toma a dianteira em Guernica Tupiniquim
    Referência da história da arte toma a dianteira em Guernica Tupiniquim Vinicius Vaz
  • Ritual sagrado é o tema de  É tempo de Kuarup- a Cura
    Ritual sagrado é o tema de É tempo de Kuarup- a Cura Vinicius Vaz
  • A Criança é a esperança  de Oxalá: sincretismo
    A Criança é a esperança de Oxalá: sincretismo Vinicius Vaz
  • Ritual de iniciação dos jovens é momento importante na vida das aldeias
    Ritual de iniciação dos jovens é momento importante na vida das aldeias Vinicius Vaz
  • Canto das Três Raças
    Canto das Três Raças Vinicius Vaz

Em 16 pinturas, Vaz reúne personagens para contar histórias que, segundo ele, não aparecem nos livros oficiais, embora sejam a base da formação da identidade brasileira. O carnaval, cuja grandiosidade o artista teve a real noção quando foi morar no Rio de Janeiro, em 2022, e as religiosidades e rituais indígenas e afro-brasileiros inspiraram as obras. "O Rio foi um gatilho porque é muito carregado da religiosidade", explica o artista que, ao morar na capital fluminense, se deu conta de como catolicismo, umbanda e candomblé formam uma mistura sincrética e coerente. "É tudo junto e misturado, apesar do preconceito que ainda existe. Isso me abriu os olhos para ver lá atrás que toda essa religiosidade vem de um modelo. Os povos originários são nossas raízes. Antes da invasão, eles tinham a cultura deles. Quando os povos de fora chegam e tiveram contato com os indígenas, que carregavam a espiritualidade trabalhada na questão dos rituais, tem uma manifestação espiritual", explica o artista. 

Nas telas, Vaz retrata essa mistura. Personagens do samba-enredo Histórias para ninar gente grande, que a Mangueira levou para a avenida em 2019, aparecem em cenas das pinturas. São os herois brasileiros, mulatos, tamoios e mulheres, segundo a letra, aos quais Vaz tratou de dar forma e cor. O Caboclo Cobra Coral que monta a onça, um renascimento de Iara aos moldes de Ofélia, a criança-esperança de Oxalá, um kuarup assistido por entidades africanas e a cabocla Jurema em vestes de Nossa Senhora de Aparecida povoam as pinturas do artista. "Faço uma mescla de como foi moldada a nossa cultura, nossa identidade", avisa.

 


postado em 29/11/2024 06:00
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