Artes visuais

Exposição conta a trajetória de Álvaro Tukano, líder indígena

Referência na defesa dos povos do Alto Rio Negro, Tukano será tema da exposição na Casa de Cerimônias Indígenas Bahsakewi'í

Durante os últimos 40 anos, o ativista e líder indígena Álvaro Tukano reuniu um acervo capaz de contar a história da luta indígena na América Latina. Boa parte dessas peças e documentos está em fase de catalogação como parte do projeto Memórias Indígenas das Etnias da América Latina e foi desse conjunto que a produtora Desiree Calvis retirou o material para montar a exposição Vida e obra de Álvaro Tukano, em cartaz na casa Bahsákewii — Casa Yepa-Mahsã até 4 de novembro. 

Na exposição, paineis com fotos e textos contam a trajetória do líder indígena, que também realizará palestra e rodas de conversa enquanto durar o projeto. Tukano é um dos nomes de referência quando se trata da demarcação de terras indígenas do Alto Rio Negro nas décadas de 1970 e 1980. Ele  mora em Brasília há quase uma  década  e foi diretor do Memorial dos Povos Indígenas entre 2018 e 2023. Hoje, é um dos guardiões da Casa de Cerimônias Indígenas Bahsakewi'í — Casa Yepa-Mahsã, centro de preservação das memórias e tradições indígenas instalado no Noroeste. "É uma das maiores vozes no diálogo entre indígenas e estados brasileiros", avisa Desirée, que contou com a museóloga Letícia Amarante para criar a exposição. "Ele esteve na constituinte de 1980, foi diretor do Memorial dos Povos Indígenas e hoje mora em Brasília porque, na terra dele, é uma liderança visada para ser assassinada por lutar contra a desigualdade. É um dos principais nomes na luta pelos direitos dos povos indígenas."

Desiree e Letícia também estão à frente do projeto de catalogação das obras da coleção reunida por Tukano. Esse acervo será, aos poucos, disponibilizado numa plataforma on-line. "O projeto prevê que seja feito um inventário desse acervo para ser disponibilizado na plataforma Tainacan, um repositório on-line feito pela Universidade Federal de Goiás e gerido pelo Ibram, voltado para o acervo museológico", explica a pesquisadora. As obras foram reunidas durante o projeto Séculos Indígenas no Brasil, idealizado por Tukano em 1992 e implementado até 2005 com o objetivo de levar as histórias dos povos indígenas para escolas e instituições de todo o país. "Ao todo foram cinco edições que tiveram o alcance de público de 80 mil pessoas", avisa Desiree.

 


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