Primavera é a primeira exposição individual da artista Estela Sokol, na qual produções artísticas de uma década de trabalho são expostas. A Galeria Karla Osorio recebe a exposição com mais de 50 obras que exploram a relação entre luz, espaço, formas e cores. A artista convida o público a interagir não só com a arte produzida, mas também com o ambiente, em perspectiva poética da relação entre humanidade e natureza.
Acompanhadas de texto curatorial da belga Julie Dumont, as peças são feitas de materiais peculiares: cera de abelha, espuma, parafina, latão e plástico. A simbologia do uso de materiais não tradicionais partiu da ideia da artista de se apropriar e ressignificar o uso de elementos utilizados na indústria: "Uma nova linguagem é criada a partir do não uso de tintas convencionais."
As obras destacam o jogo de tensões e simetrias ao sintetizar as nuances do cotidiano, como o pôr do sol urbano ou o reflexo da lua na água. Estela enfatiza que as peças retratam elementos da natureza em sinergia com o ser humano. "O desequilíbrio no equilíbrio me interessa. Nenhuma obra é colada, é tudo física aplicada", diz. Elementos da sombra e da luz também são explorados para representar fenômenos naturais.
Estela faz o uso de cores fortes em contraste para representar as interações humanas com o ambiente. Na definição da artista, a arte brasileira é caracterizada pela busca de algo para chamar de seu, conceito este que Estela se destaca nas produções singulares. "Não sou uma pessoa figurativa, meu trabalho é geométrico e retrata o cotidiano em formas potentes", afirma.
A reflexão sobre as formas do cotidiano é retratada nos desenhos da artista, que desmonta a figura até entendê-la por completo. "Se eu pego uma forma circular e a corto na metade, eu a chamo de Lua. Meu trabalho é realizado da abstração até a geometria", explica. Os formatos originais de elementos da natureza são transformados em objetos humanos.
A artista convida o público a visitar a exposição no fim da tarde, quando a luz do sol se reflete em cores alaranjadas nas obras e o ambiente lembra a primavera. "O céu de Brasília também nunca esteve tão alaranjado como agora, as queimadas representam uma discussão importante para se ter", argumenta. Ao olhar para uma obra escura e, em seguida, para uma colorida, o contraste fica evidente.
Dez primaveras da artista são retratadas em dois pavilhões de obras expostas na Galeria. A mostra permanece em cartaz até 16 de novembro, com entrada gratuita mediante agendamento prévio on-line nas redes sociais. De segunda a sexta, o horário de visitação é de 9h às 18h30, e sábado das 9h às 14h30.
Serviço:
Exposição Primavera
De 21 de setembro a 16 de novembro, de segunda a sexta das 9h às 18h30, e sábado das 9h às 14h30, na Galeria Karla Osorio (SMDB Conjunto 31 Lote 1B - Lago Sul). Entrada gratuita mediante reserva.