Produzido em parceria com a Netflix, este terror do estreante Sébastien Vanicek se faz diferenciado desde a origem, com a trama passada na França. Mal o espectador se recobrou de mais um exemplar da assustadora franquia do inglês Ridley Scott (com Alien: Romulus), e já tem pela frente mais um filme em que protocolos rígidos impedem os personagens de morrer. Para quem, há pouco, passou por pandemia, o trauma é recente: contra a vontade, a galeria de habitantes de um condomínio sobreviverá num esquema de bunker.
Há motivos de sobra para a culpa corroer Kaleb (Théo Christine), virtualmente, responsável pelo confinamento de todos. Bem antes da quarentena proposta, ele zela por um reduto selvagem contido por exemplares de répteis dentro do quarto, em breve aracnídeos também estarão sob a proteção dele. "Limpo e bonito" é a meta de organização de Kaleb, que ainda toca um negócio de venda de tênis de marca. Aos poucos, a presença das aranhas será imensa, antecedida por sonoridade que já conota calafrios. Para intensificar o clima, vale lembrar que até o temido "escorpião ditador" Kaleb é capaz de criar.
A tensão permanente se instala com o diferencial do roteiro assinado pelo diretor e por Florent Bernard, que desenvolvem muito bem os personagens, entre os quais Mathis (Jérôme Niel), um tipo aparentemente apagado, a irmã de Kaleb, a áspera Manon (Lisa Nyarko), e ainda uma amiga dela, Lila (Sofia Lesaffre). Ator revelado no marcante drama Marvin, de Anne Fontaine, Finnegan Oldfield na pele do enraivecido Jordy faz a diferença. O pânico coletivo supera em muito o de fitas como Aracnofobia (1990) ou ainda os cultuados (e introspectivos) O abrigo (2011) e Possuídos (2006).
Com visual bastante pontiagudo, as aranhas se multiplicam e, em colônias, se projetam cada vez maiores. Para piorar, se assemelham progressivamente a imensos crustáceos. Ágeis, elas passam como vultos pela telona. Ou ainda ficam ameaçadoras, imóveis, habitando situações que remetem a corredores poloneses. Com imagens quase purulentas, Infestação ainda expõe o risco de conviver com homens ainda piores e que compõem uma operação policial para oprimir o grupo de desesperados. À flor da pele, dá para entender as vitórias nas categorias de melhor filme e melhor diretor no renomado Fantastic Fest dos Estados Unidos.
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