Crítica // Inverno em Paris // ★★★
É numa atmosfera do alvorecer, com uma textura de imagem ora rósea, ora violeta que o cineasta Christophe Honoré faz valer os momentos mais destacados do recente Inverno em Paris (que não é o mais novo, já que uma há uma homenagem a Marcello Mastroianni ainda inédita). Artista embalado desde o auge da filmografia de Claude Berri o diretor de fotografia Rémy Chevrin se prova de valor, novamente, depois de arquitetar as imagens de O orgulho e A acusação, ambos do politizado Yvan Attal.
Entre a disposição do amor e crescimentos interiores (tal qual construiu Canções de amor e Conquistar, amar e viver intensamente), Honoré, agora, trata da rejeição e das inseguranças do jovem Lucas (Paul Kircher). Severa, a situação dele acusa passos de tragédia. O estopim é a morte repentina do pai (papel justo reservado a Honoré). Sem norte, Lucas parece dar continuidade a temas explorados em Minha mãe (2004), mas sem nada da carga de sensualidade e erotismo, e em Em Paris (2006), filme no qual dois irmãos tentavam acertar os ponteiros descompassados.
O papel da mãe, Isabelle, cabe à inquestionável Juliette Binoche. Ela dá o show em cena, mas com discrição. No papel do explosivo, mas responsável irmão Quentin, está Vincent Lacoste, bastante convincente na cumplicidade estabelecida com Kircher. Em que pesa a relevância da sexualidade de Lucas, dois personagens , num paralelo sensual que faz lembrar a pontuação do francês François Ozon (em A bela Junie), têm doses de esperança para o desnorteado protagonista: o namorado Oscar (Adriene Casse) e o batalhador artista plástico Lilio (Ewan Kepoa Falé).
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