Critica

Bela animação nacional levanta questões de cidadania, sem didatismo

Confira a crítica do filme que mobilizou comunidade de artistas interioranos de Minas Gerais

Placa-mãe: raro exemplar de animação brasileira de qualidade -  (crédito: )2 Play/ Divugação)
Placa-mãe: raro exemplar de animação brasileira de qualidade - (crédito: )2 Play/ Divugação)

Crítica // Placa-mãe ★★★★

A autenticidade e a atualidade da animação do jovem cineasta Igor Bastos conversa, de imediato, com um momento atual da recente produção nacional: foi com o longa Uma história de amor e fúria que o diretor Luiz Bolgnesi alcançou projeção mundial com filme capaz de mesclar tecnologia e traços fundamentais ligados à natureza.

A diferenciada animação proposta por Igor Bastos e uma equipe ancorada na interiorana Divinópolis começa no traçado musical: para além de Poison Ivy, o filme acopla composições de Caetano Veloso, Fernando Brant e Milton Nascimento. Estão lá, a favor do embalo da singular do filme, Bola de meia, bola de gude e Paula e Bebeto.

Placa-mãe mostra um avanço e que mapeia retrocessos: Nadi é uma androide com extremada conexão junto a humanos. Dentro de uma fita colorida e cheia de expressividade, ela ostenta cintilante cidadania e civilidade. Tocada pela indisposição das pessoas adotarem os pequenos irmãos David e Lina, ela corporifica, via inesperada adoção, o respeito a diferenças e o zelo pelo próximo. Tratando entre outros temas sobre sustentabilidade, o diretor explora a leveza de Nadi frente à ganância, no Senado, do politiqueiro Asafe. Chega-se assim, à luta desigual que move a fita. 

Palavra de especialista

"Estudei aspectos da ética na robótica, e temas estéticos, organizacionais, funcionais e até mesmo sociais aos quais o Brasil se condiciona. O presente está sempre inundado pelo passado. Acontece que o passado de amanhã é o hoje! Isso me orientou e guiou na construção de um futuro que, talvez, um dia se torne realidade. Ou que permaneça apenas como uma tradução de um imaginário do que nós esperamos, queremos e podemos ter para o futuro. David Lynch diz: "O cinema é a fraude mais bonita do mundo".

Igor Bastos, em entrevista ao Correio

 

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postado em 04/10/2024 06:34 / atualizado em 04/10/2024 07:13
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