Na era das continuações recentes, alguns filmes vieram no susto e ganharam o coração. Estômago II - O poderoso chef, produção de Marcos Jorge, é uma dessas belas surpresas que o desejo da nostalgia recente traz para o público brasileiro.
O longa retorna com Raimundo Nonato (João Miguel) como o grande chef da cadeia. A diferença é que, agora, ele cozinha para Etcetera (Paulo Miklos). Entretanto, tudo muda com a chegada de Dom Caroglio (Nicola Siri), um mafioso que pelo paladar se aproxima do protagonista e cria uma disputa por poder.
Assim como o sucessor, o que chama atenção em Estômago II é o anacronismo na forma de contar a história. Dessa vez, Raimundo Nonato, que João Miguel reencontra com maestria, é um meio para conectar as duas histórias que são desenvolvidas em paralelo misturando passado e presente, Brasil e Itália. As atuações seguem a mesma linha absurda e engraçada do primeiro em um filme que fala sério sempre rindo. O italiano Nicola Siri é destaque absoluto e toma conta do longa.
As referências também são pontos altos. Desde a triste lembrança da derrota brasileira para a Itália de Paolo Rossi em 1982, até a falas que remetem diretamente à O poderoso chefão (1972). A produção, gravada metade no Brasil e metade na Itália, caminha por tudo que a influenciou para entregar uma história que agrada os fãs do original, lançado em 2008, e, realmente, traz notas de novidade.