Foi para atender ao pedido de uma professora do mestrado em Artes Visuais que a artista plástica Denise Vourakis começou a imaginar uma cartografia afetiva de seus próprios percursos. Carioca radicada em Brasília, a artista estudava na Universidade de Brasília (UnB) e precisava fazer um mapa mental de seu percurso até o campus a partir de referências mais emocionais e menos geográficas. "E percebi que não tinha nenhuma referência no caminho, a referência que eu tinha eram as árvores pelas quais passava. Mas ir de Brasília até Pirenópolis se tornou, para mim, uma referência emocional muito forte", conta a artista, que tem uma residência secundária na cidade histórica goiana.
A ideia dos mapas afetivos deu origem a uma série de trabalhos expostos agora na Galeria Parangolé do Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul) com o nome de Linhagem cartográfica. "Essa é uma pesquisa artística que venho realizando já tem uns três anos e que começou a partir de uma imagem que construí do mapa do DF dentro do estado de Goiás", explica Denise, que é formada em psicologia e em artes plásticas.
Depois da experiência do mestrado, Denise começou a fazer mapas nos quais as referências nem sempre eram geográficas ou de lugares. Observações emocionais podem ter mais peso em alguns trabalhos e os suportes são variados, vão do vidro e do acrílico à tela pintada a óleo e ao desenho em guache. "A exposição tem essa pegada dos percursos, dos deslocamentos, dos itinerários que a gente constrói, sejam físicos, geográficos, mas também emocionais , com significados e referências que construímos durante a vida", avisa.
As obras carregam também algumas homenagens aos antepassados da artista, que é descendente de gregos, cearenses e indígenas caiçaras. Por isso, entre os materiais há elementos como areia, uma referência ao mar do Rio de Janeiro natal, e objetos herdados, como louças, tecidos e roupas. São homenagens, Denise explica, aos ancestrais e os percursos que fatalmente acabaram fazendo.
Serviço
Linhagem Cartográfica
De Denise Vourakis. Visitação até 22 de setembro, de terça a domingo, das 10h às 20h, na Galeria Parangolé do Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul). Classificação indicativa livre. Entrada franca
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