A Cerrado Cultural recebe, a partir da amanhã, as exposições Mito, rito e ritmo interior: Rubem Valentim fazer como salvação, com curadoria de Lilia Schwarcz, que também trabalhou com Divino Sobral em O centro é o oeste insurgente, coletiva de artistas contemporâneos. Em comum, as duas exposições têm as matrizes culturais africana e indígena, que norteiam as obras dos artistas.
O centro é o oeste insurgente reúne obras de 15 artistas com a intenção de voltar os holofotes para a produção do Centro-Oeste. Nomes como Daiara Tukano, Dalton Paula, Alice Lara, Antônio Obá e Naine Terena compõem o mosaico proposto pelos curadores. "O título brinca exatamente com a ideia de Centro-Oeste, como seria o centro a partir de Brasília, a partir dos estados que fazem fronteira com os vizinhos latino-americanos, como a produção de artistas que não estão no cânone, negros e indígenas, podem transformar a margem em centralidade. Queríamos olhar para isso como determinante para centrar nossos olhares na produção desses artistas", explica Sobral.
Segundo o curador, a exposição reúne nomes de diversas gerações, sendo que alguns trabalham há muito tempo com temáticas referentes à ancestralidade. "Essa questão da produção negra no Centro-Oeste é uma coisa que tem muitas décadas, não é uma situação de hoje", avisa, ao lembrar do trabalho de Gervane de Paula. "Nos anos 1980, por meio da pintura, ele já fazia críticas ao racismo estrutural brasileiro. Ao mesmo tempo, temos obras de Antonio Obá movidas por essa questão do racismo estrutural e da contribuição do negro para a formação da cultura brasileira conforme as questões que são colocadas hoje."
Para o curador, a região é um lugar de potência e um centro de criação que se estrutura há algum tempo sem estar necessariamente vinculado às questões de influências de âmbito internacional ou de parâmetros ditados pela produção do eixo Rio-SP. "A gente também vai mostrar uma arte muito material, muito construída com a mão, muito ligada às histórias de vida de seus próprios autores, que buscam investigar a memória da formação dessa região", diz Sobral.
Organizadas em ordem cronológica e com a intenção de representar as diversas facetas do artista, as obras de Mito, rito e ritmo interior: Rubem Valentim fazer como salvação trazem desde os primeiros testes com a geometria dos elementos das religiões de matriz africana até os trabalhos marcados pelo colorido e pelo repertório de símbolos que caracterizam a obra do baiano. Rubem Valentim é conhecido por criar um alfabeto simbólico com formas da iconografia das religiões africanas e por usar muita cor e geometria em trabalhos que vão de esculturas e objetos a pinturas e gravuras.
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