Na Asa Norte, há estabelecimentos para todos os gostos e bolsos. Ponto de encontro entre jovens, famílias e idosos, a região do Plano Piloto vive uma crescente em relação à gastronomia local, com espaços diversos e descontraídos. Dos bares às cafeterias, passando pelas pizzarias e restaurantes de comida caseira, a área central do Distrito Federal tem sido, nos últimos anos, sinônimo de variedade para os moradores da cidade.
"Na Asa Norte, as pessoas parecem se preocupar mais com a qualidade dos produtos oferecidos, sem medo de testar outros modelos de negócios e ambientes um pouco mais despojados. Lá, temos um espírito de vizinhança forte, uma vontade de apoiar o comércio local", descreve Pedro Galvão, sócio da Castália Pizza.
Déborah Mendes, proprietária do Blocogê, defende a ideia de que a região se diferencia pela alma boêmia. "Por abrigar a UnB, com alunos do mundo inteiro, acreditamos que a população tende a ser mais jovem e com a mente mais aberta, não apenas pela idade, como também pelo espírito", avalia. "A existência de diversos bares, botecos e restaurantes traduz a essência a que Brasília se propôs a princípio: a ideia de ocupar os ambientes externos tornando toda a cidade pública e acolhedora", define Déborah.
Região em constante crescimento, as 700 são destaque em meio à Asa Norte. "É um local que até pouco tempo atrás não era benvisto por esse tipo de comércio. Sete anos atrás, quando abrimos, éramos praticamente os únicos que se aventuraram nessa área da Asa Norte e, aos poucos, vimos mais cafés, bares e restaurantes virem", ressalta João Mazocante, proprietário do Café Antonieta. Para João, o espaço vive um momento de ressignificar uma parte da cidade que ficou tantas décadas em segundo plano.
"Eu me apaixonei pelo predinho da 700, que foge do padrão de arquitetura da cidade e lembra uma casinha de avó. As 700 ainda eram sinônimo de decadência e preconceito quando comecei o projeto. Aos poucos, mais iniciativas maravilhosas começaram a surgir nessa região, e outras áreas 'marginalizadas'", conta Ana Letícia, proprietária do Café Marilda. Ela acredita que o charme da Asa Norte se dá devido a moradores mais inclusivos e preocupados com o respeito às diferenças.
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Dos pães para as pizzas
"A Castália Pizza nasceu de uma vontade de agregar valor a algo que já fazíamos muito bem na padaria — pão", define o sócio da casa, Pedro Galvão. De portas abertas desde 2017, a padaria Castália fez parte dos primeiros passos do que, em 2021, viria a se tornar a pizzaria da marca. Era lá que os sócios da casa sediavam noites de pizzas para receber os amigos, brincando com a ideia da possível criação de um restaurante voltado para a iguaria italiana. "Consideramos que a essência da pizza está na massa e na qualidade dos ingredientes que vão na cobertura", afirma.
"Assim como na padaria, tivemos como foco fazer um produto de altíssima qualidade, mas sem enfeitar e mistificar demais, mesmo que exista uma certa magia por trás dos processos. Afinal, pizza é um alimento simples, despretensioso e rápido, que reúne famílias e amigos. Por isso, escolhemos um ambiente descolado, com cozinha aberta, onde todos possam se sentir em casa", detalha o sócio. No preparo dos pratos, a casa utiliza queijos de produtores locais, assim como charcutaria de produção artesanal.
Para o sócio, a pizza salvi-se (R$ 65) é um "belo exemplo" do que a casa propõe. "É uma pizza feita com linguiça artesanal, muçarela de búfala fresca local, queijo de cabra do DF e sálvia. Um sabor autoral, complexo e delicioso", descreve Pedro. Para harmonizar, a indicação é o vinho Chianti orgânico (R$ 32).
Bar nipo-brasileiro
Inspirado nos tradicionais bares japoneses, o Gaijin traz para o centro de Brasília um gostinho da cultura boêmia nipônica. A ideia da casa surgiu a partir de uma viagem para São Paulo, conta o proprietário Thor Heringer, regada a boa comida. “O nosso diferencial é o ambiente descolado, aliado à uma gastronomia ousada e bons drinques”, avalia Thor. Assim como nos izakayas, como são chamados os botecos do Japão, no Gaijin a comida fica de segundo plano para que as bebidas brilhem. Aos que desejam conhecer a casa, Thor indica os drinques autorais melona (R$ 39)feito de bourbon fat wash, licor de melão gaijin, conservade picles de melão, bitter aromático e calda de açúcar, e o saketsu (R$ 37), composto por sakê fortificado gaijin, cordial artesanal de matchá e gin tanqueray london dry. Para harmonizar, a sugestão fica por conta do harumaki de língua de boi (R$ 22), rolinho primavera de língua de boi e kimchi, e o gyoza de porco (R$ 25), massa recheada com carne de porco e chutney de repolho, respectivamente.
Casa de vó
Batizado em homenagem à avó da proprietária Ana Letícia, o Café Marilda é um dos estabelecimentos que abriram as portas em meio à pandemia e sobreviveram ao período de lockdown da pandemia. A decoração da casa também é inspirada pelo ambiente familiar de Ana, decorada com diversas peças que vieram da casa da própria Marilda. “Marilda era minha avó materna e também meu xodó. Morei com ela até casar e foi com ela que aprendi que comida é carinho. Ela era uma cozinheira de mão cheia e muitas das nossas receitas são dela. Nossa campeã de vendas, por exemplo, a torta de maçã (entre R$ 23 e R$ 28) é uma receita que ela aprendeu no colégio interno antes de completar 10 anos”, destaca a proprietária. A sobremesa amada pela clientela da casa é feita à base de maçã e chantilly. Segundo Ana, a opção combina perfeitamente com o café ‘coadin’ da casa (entre R$ 10 e R$ 20) ou um dos microlotes de café especial (entre R$ 16 e R$ 25) do restaurante.
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