Crítica // O exorcismo ★★★
Há 50 anos, Joshua John Miller nascia justo no ano especial para o pai dele: o ator Jason Miller que, interpretando o Padre Karras do clássico O exorcista, cravou a indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante. Agora, o criador de A rainha do Sul (Joshua) faz a estreia na direção de filme, com fita de terror que presta homenagem ao escabroso título protagonizado pela menina Linda Blair e por Ellen Burstyn. Quem chega para atormentar, entretanto, é um ator: Anthony Miller (personagem do eterno Gladiador Russell Crowe). No longa, impera a metalinguagem, com o filme de terror inserido dentro das filmagens de um filme de terror.
Anthony entra para o Projeto Georgetown (localizada nas cercanias de Washington), exatamente, referendando a atmosfera do antigo O exorcista. Com a voz gutural Russell Crowe vai tomando a tela, com potencial, na pele do ex-astro de cinema que viu a vida pessoal deteriorada, e ganha chance de redenção. Toda a sorte de maus presságios se avolumará durante as filmagens, ao mesmo tempo em que o ator tenta, novamente, se aproximar da filha Lee (Ryan Simpkins, de Direito de amar). Outros atores que estão no filme são Sam Worthington (de Avatar), no papel do ator Joe, e David Hyde Pierce (lembrado como o doutor de Frasier), à frente do personagem Padre Conor, que presta consultoria sacerdotal.
Criminalidade, mutilação e sonambulismo se espalham no enredo que acumula representações de perturbação física e emocional de modo eficiente. O resgate da confiança de Anthony ocupa muito da trama que mostra o afastamento dele das drogas e do alcoolismo. Há quem o veja como "morto por anos", enquanto caminha, sem fé, para um mundo cinematográfico abusivo e árido, com muitas pontuações de trevas. Os truques, em cena, são dos mesmos, com a falta de eletricidade no set, obscuras ligações com traumas e abusos, além de coreografias de corpos incontroláveis, mas, ainda assim a ferocidade e entrega de Russell Crowe fazem a diferença.
A despedida de Pacino no CCBB
Fragilidade, senso de justiça, ambição e absoluta loucura cabem no molde cênico da face de Al Pacino que tem mostra em andamento no CCBB. Com ingressos a R$ 10 e R$ 5 (meia) é possível conferir clássicos do astro como Um dia de cão (amanhã, 3/8, às 19h30) e Perfume de mulher (às 16h de domingo, 4/8), com papel que lhe rendeu o Oscar.
Para além do cartunesco Dick Tracy (em 3/8, sábado, às 17h), hoje a mostra traz Espantalho (às 16h) e Scarface (18h30). Em Espantalho, ao lado de Gene Hackman, Pacino dá vida ao homem saído da Marinha e que deseja conhecer um filho. Já na refilmagem do filme de Howard Hawks, de 1932, ele se apresenta como Tony Montana, que fixa residência nos Estados Unidos, a fim de controlar todo o tráfico de cocaína em Miami. Por fim, no domingo (4/8, às 19h), o filme selecionado é O advogado do diabo, feito ao lado de Keanu Reeves e Charlize Theron. No longa, ele dá vida a John Milton, empresário do ramo do direito que, em Nova York, vai mudar todos os paradigmas do ambicioso Kevin (Reeves).
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