Em 1994, o diretor Hugo Rodas teve a ideia de ocupar todo o Departamento de Artes da Universidade de Brasília (UnB) com encenações das 17 obras escritas por Nelson Rodrigues para o teatro. A iniciativa virou um enorme projeto que já teve cinco edições e está de volta a partir de sexta (19/7) e até domingo (21) no Teatro Garagem, no Sesc da 913 Sul.
Na direção da maratona rodrigueana, está Abaetê Queiroz, membro da Agrupação Teatral Amacaca (ATA), grupo criado por Rodas, que morreu em 2022. O ATA traz a nova montagem em parceria com o grupo Oficinão, criado pelo próprio diretor em 2019 especialmente para o projeto. Em cena, nove atores dão conta da montagem, que tem sequências de cenas de clássicos como A falecida, Beijo no asfalto e Perdoa-me por me traíres. De todas as obras escritas por Nelson Rodrigues para o teatro, apenas Viúva, porém honesta ficou de fora. "O espetáculo foi feito em palco italiano em 2019. Nos anos 1990, era segmentado, cada cena acontecia em um ambiente distinto e a plateia ia circulando e olhando pelo olho da fechadura", conta Abaeté.
A nova montagem é uma celebração dos 30 anos do espetáculo e passou pelo Gama em maio. Ao longo das décadas, O olho da fechadura já passou pelo Museu de Arte Contemporânea de Goiânia, pelo Hotel Glória, no Rio de Janeiro, e pelo Espaço Cultural Renato Russo, em 2019, quando Rodas fez uma nova edição para comemorar os 25 anos do projeto. Abaetê explica que cada cena tem uma média de três a quatro minutos e é vivida por, no máximo, três atores. Entre elas, há sempre uma passagem que reúne todo o coletivo. "Não fica sendo apenas uma sequência de cenas porque a transformação de cenário entre uma cena e outra, e aí entra o brilhantismo do Hugo, tem uma encenação para a mudança, com o coletivo todo dançando e fazendo evoluções", explica o diretor.