Transformado em um monólogo com uma hora de duração, Os sertões, de Euclides da Cunha, ganha o palco em texto adaptado pelo escritor Ivan Jaf e encenado por Amaury Lorenzo no espetáculo A luta. Em cartaz no Teatro Unip no sábado (13/7) e no domingo (12/7), a peça retoma a guerra da Canudos contada por um único ator sob a perspectiva de diversos personagens.
O maior desafio, Amaury explica, foi condensar uma história tão detalhadamente descrita no livro de Euclides da Cunha em uma hora de espetáculo. "O desafio é sintetizar o autor, dar conta desse período tão importante para a história brasileira, contar toda a guerra de Canudos", explica. Sozinho no palco, munido de um figurino simples e nenhum elemento de cena a não ser o próprio corpo, Amaury conta que a ideia foi simplificar. "É só ator e o público para criar a explosão que é a cena, essa mágica do teatro. Interpreto todos os personagens da guerra, mulheres, crianças, militares, os conselheiros, numa espécie de rapsodo, um elemento utilizado para que a gente narre e viva várias histórias ao mesmo tempo", avisa.
Dirigida por Rose Abdallah, a peça investe na relação direta entre ator e público com uma história sobre um momento crucial da história do Brasil República. Segundo Amaury, o texto é fiel à escrita jornalística e detalhada de Euclides da Cunha. "A relação é direta com o livro, a gente é fiel ao elemento jornalístico que ele traz. A narrativa é maravilhosa porque dá relatos críveis, concretos, reais, absolutos. Pensamos em uma história acessível a todos porque a história do Brasil é a construção da nossa identidade. E é tudo tão forte e imenso que é como se sentíssemos o cheiro", acredita o ator.
Para ele, além de trazer para o palco um pouco da história do Brasil, A luta também é uma representação da vida do brasileiro de maneira geral e dos artistas, em particular. "É a luta de todos nós, incansáveis, determinados, potentes", garante, ao lembrar da dificuldade e da demonização da classe artística durante o governo passado. "Até pouco tempo atrás, ouvíamos que éramos vagabundos e seguimos na luta incansável pelo nosso ofício. É um espetáculo sem patrocínio, a gente tira o dinheiro do bolso para trabalhar, mas a gente acredita na luta de nós, artistas brasileiros", diz.
Serviço
A Luta
Com Amaury Lorenzo. Direção: Rose Abdallah. Sábado (13/7), às 20h, e domingo (14/7), às 17h e às 19h30, no Teatro Unip (SGAS 913 - Asa Sul). Ingressos:entre R$ 25 e R$ 90, no Sympla. Assinantes do Correio Braziliense têm desconto de 50%. Não recomendado para menores de 14 anos
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