Crítica

Trama cheia de reviravoltas: o demônio fala, em fita de terror

Aguardado filme de terror de diretores australianos Colin e Cameron Cairnes, 'Entrevista com o demônio' lida com a imprevisibilidade

Crítica // Entrevista com o demônio ★★★★ 

Quem lembrar do clima de fim de festa impresso pela ação de um macaco criminoso, no, desde já, clássico, Não! Não olhe!, assinado pelo controverso cineasta Jordan Peele, pode ter uma ideia do impacto do mais assustador projeto comandado pela dupla de diretores Colin e Cameron Cairnes. Fazer televisão ao vivo, como representado na telona do cinema com o novo filme, implica em coragem e a lida cotidiana com a imprevisibilidade. Sendo assim, heroicamente, o filme se vale e faz de plataforma o componente de histeria transmitido para os telespectadores.

Comandado pelo personagem Jack Debroy (David Dastmalchian), o programa Night Owls anda em crise, e a audiência despenca, desde a morte da esposa do apresentador, vitimada por câncer. Tudo se passa num enredo situado um ano antes de a babá, interpretada por Jamie Lee Curtis, empreender uma caça ao terror, com o estabelecimento da franquia Halloween. É justo no Dia das Bruxas do ano de 1977 que as convicções do público da tevê (diante do exame feito pelo roteiro do filme dos diretores australianos Cairnes) serão postas à prova.

Potentes filtros de racionalidade habitam o roteiro da fita premiada no Festival de Sitges. Impressionam as reviravoltas e a sagacidade com a qual os cineastas extraem camadas de dramaticidade da revisão de um programa daqueles ao estilo dos comandados pelo popular Zé do Caixão. Inicialmente, tudo aponta para risível participação na tela de um atrapalhado Christou (Faysal Bazzi), que se gaba de ser sensitivo e ter qualidade de médium.

Mas, pouco a pouco, injeta-se uma trama de escancarada possessão, no palco e nos bastidores do programa. Crença, medo e lógica começam um embate cheio de qualidades. Como grande estandarte estão as interpretações de Laura Gordon (que vive June, capaz de controlar o capeta); Ian Bliss (o desconfiado Carmichael); Rhys Auteri (um eterno parceiro de Jack) e, surpreendentemente, Ingrid Torelli, que encarna a confiável Lilly, um meio de aberta comunicação com o que de mais tenebroso se materializa na Terra.

 

 

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