Crítica // Teca e Tuti: uma noite na biblioteca ★★★
No lugar de um espaguete comum, uma lã cheia de fibra de tecido para alimentar os personagens deste longa-metragem criado no Brasil, que vem com a intenção de propagar a leitura, por meio das ações de traças falantes que interagem no filme comandado pelo trio Tiago MAL, Diego M. Doimo e Eduardo Perdido.
Soterrados por letras, os personagens como a aranha Clarice e o ácaro de estimação Tuti vivem num mundo de cores, rabiscos, musicalidade e texturas diferenciadas. Entre a Montanha de Algodão e o Morro dos Alfinetes existem muitas aventuras e que desembocam no Mundo Atrás da Estante. Não interessa se for papel camurça, papel branco ou ainda papel manteiga, as traças estão prontas para devorar as folhas, mas eis que Teca recebe o curioso "chamado das histórias".
A interação com humanos é motivo de susto, e nunca é almejada. Temendo o exércitos de naftalina (que entoa o bordão "Mata traça; mata traça"), as traças vivem algo acuadas. Uma porta surge e amplia o imaginário de Teca — efetivando o que demarca um trecho de poesia escrito por Elias José e que rima (o mundo) dos livros com "beleza" e "surpresa".
Num trabalho delicado, que atravessou uma década, com direto a stop motion e animações, os diretores constroem um ambiente que contempla personagens como Medusa, Dom Quixote, Saci e a Alice (de Lewis Carrol). A elaborada direção de arte assinada por Mateus Rios e a aquietação dos estímulos visuais exagerados, em relação aos operantes em filmes de Hollywood, criam situações especiais. No caminho da traça "paz e amor" que "não briga com ninguém" estão tipos interessantes como João Ratão, o rato analfabeto doido por livros.
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