Critica

Austin Butler, o Elvis, brilha em Clube dos vândalos, sobre niilismo

Quase uma revisão de O selvagem da motocicleta e O selvagem, filme de Jeff Nichols examina formação de gangue motorizada

Crítica // Clube dos vândalos ★★★

A carreira já sedimentada de Jeff Nichols — cineasta dos alternativos O abrigo (2011), Loving, uma história de amor (2016) e Amor bandido (2012) — suscitou uma justa homenagem, com o novo filme dele, em que, de uma lapada, Elvis Presley e Marlon Brando parecem reviver, respectivamente, nos personagens Benny (Austin Butler, justo do longa Elvis) e Johnny (Tom Hardy). Um é mero e absoluto niilista, e o outro, caminhoneiro também sem muito propósito de vida. A ambos importa subir na motocicleta, discutir sobre peculiaridades de choppers, cilindradas e pistões; vestir jaquetas e frequentar tribunais de trânsito, em decorrência de infrações.

Numa tacada só, o diretor, que adapta, no roteiro, livro de Danny Lyon, celebra a obra Laslo Benedek, que sacramentou a rebeldia de Brando, nos anos de 1950, e ainda o feito de Francis Ford Coppola, 30 anos depois, com O selvagem da motocicleta. O enredo percorre os fins dos anos de 1960 e o começo dos anos 1970 e muito das situações são narradas pela personagem de Jodie Comer (de Killing Eve), Kathy, sempre colada à inconsequência masculina, em que vários desafios são resolvidos entre punhos ou facas.

O enredo de irmandade e vadiagem ainda abarca temas como violência doméstica, a estupidez da guerra do Vietnã, questões de estupro e uso de entorpecentes. O registro de costumes de época (como a ideia do que faz "um homem de verdade" chorar, inserida no roteiro) gera até um lado cômico, dado o deslocamento. A volatilidade nas infundadas regras do grupo também se mostram absurdas.

No mais, o lado descritivo é narrado em entrevistas para o personagem jornalista interpretado por Mike Faist (de Rivais). Desde a inadequação, como "bicho podre" da sociedade, os retratados sofrem implicância, e implicam, em lugares como bares e até salão do automóvel. Preponderam, entre os marmanjos, a bebedeira, a paquera, a jogatina e a vingança. Entre os coadjuvantes, um dos destaques é Damon Herriman (de Era uma vez em... Hollywood) que interpreta o dedicado Brucie. A montagem, que pega os desavisados, com golpes inesperados e cortes secos, traz realce aos choques desferidos pela futura gangue. Como citação, o filme referenda Sem destino (1969).

 

Mais Lidas