Artes visuais

Galeria Pé Vermelho recebe artistas que refletem sobre o corpo

Exposição encerra ciclo de residências na galeria Pé Vermelho com obras que refletem sobre o espaço político ocupado pelo corpo

Último módulo do ciclo Temporada de Exposições - Contraêxodo: Estratégias de Inserções, a mostra Exúvia reúne obras das artistas Alice Yura, Isadora Jochims e Likidah na galeria Pé Vermelho a partir de hoje. Com curadoria de Gisele Lima, a exposição traz como tema comum às três artistas a presença do corpo como espaço político. 

Neste ciclo desenvolvido pela Pé Vermelho, as temáticas se desenham a partir de um artista convidado de fora do Distrito Federal que, no caso de Exúvia, é Alice Yurá, original do Mato Grosso do Sul. Com trabalhos inéditos produzidos durante a residência na Pé Vermelho, a artista reflete sobre o papel de gênero na sociedade e as implicações políticas dessa reflexão com uma série de vídeos performances gravadas na Esplanada. "É uma artista trans, então ela aborda muitas questões de gênero nesses papéis sociais entre homem e mulher, o corpo biológico e a relação com o gênero que traz essa camada política", avisa a curadora.

Isadora Jochims e Likidah são do DF e  foram selecionadas para o projeto por propor obras carregadas de preocupações semelhantes às de Alice. Isadora foi mãe recentemente e traz trabalhos que investigam o lugar da maternidade e do corpo que gesta em obras têxteis e em cerâmicas. "As obras em cerâmica fazem esse diálogo direto com o corpo grávido", avisa Gisele. São peças como Ventre livre, cujo formato lembra um umbigo rachando em uma ponta e uma cabeça coroando durante o parto na outra. Ou Gozo, que remete a uma Vênus, e Estática, um corpo grávido com várias mãos em volta da barriga. Isadora é médica, nascida em Goiânia, mas residente em Brasília, e investiga as relações de poder e violência entre médicos e pacientes.

O corpo negro, não binário e habitado por histórias ancestrais é o tema das performances de Likidah. São ações como Entrega de presente, botas com cacto palma dentro, para o monumento aos Dois Candangos, realizada na Praça dos Três Poderes, na qual cada figura é uma mistura de elementos afro diaspóricos que dialogam com a ancestralidade cerratense. "Essa performance é uma oferenda, uma homenagem aos pés da escultura dos Candangos", explica Gisele. Ou ainda intervenções como Makumba Delivery, realizada em 2022, e Eu escolhi um dia nublado para parir o futuro, de 2021. Nascida no DF e auto identificada como não-binária, Likidah tem a liberdade identitária como tema de pesquisa e inspiração estética. Neste sábado (8/6), às 18h, as artistas participam da palestra A margem no centro, na Pé Vermelho, durante a qual vão falar um pouco sobre os trabalhos e as áreas de pesquisa.

 


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