Em tempos de racionalidade pesada, aspectos de idealizações e de equiparação pesam, ao menos nos desdobramentos da trama da comédia romântica 13 sentimentos. Não que o diretor Daniel Ribeiro deixe de lado o impulso das emoções, já destacadas no filme com um rito de abordagem LGBT , feito há 10 anos, e que rendeu o posto de representante brasileiro para vaga no Oscar: o juvenil Hoje eu quero voltar sozinho. E do que estava a fim, com o novo 13 sentimentos? "Queria passar para as pessoas uma temática em cima da idealização. O protagonista idealiza o passado, e idealiza todo mundo que ele vem a conhecer. Então, ele projeta coisas no cara que ele acabou de conhecer, depois ele vai idealizar um ex, depois, o outro ex... Assim por diante", observa.
À frente do protagonista João, o ator Artur Volpi conta como embalou o papel de um cineasta em crise afetiva, incapaz de se ater à realidade, e sempre projetando "um futuro mágico com qualquer um novos caras, nos encontros em que ele investe". "Ele alimenta todos os sentimentos do mundo. Acho que ele está numa fase de um turbilhão de emoções, com crises tanto na vida pessoal e amorosa quanto na vida profissional. Isso mexe com ele de uma forma intensa. Ele não tem consciência das idealizações que cria e da vida dele, de como seria com aquela outra pessoa", pontua. Outra peça determinante para João será a solidão.
"A falta de companhia é o conflito do João. Ele vai tentar ocupar esse vazio talvez de uma forma torta, no início, de um modo atropelado. sem respeitar muito tempo que ele precisaria para superar o término de relacionamento longo, e anterior", pelo que explica Artur Volpi. No mundo de possibilidades homoafetivas, depois de separar-se de Hugo (Sidney Santiago), João terá como alvo Vitor (Michel Joelsas, de Que horas ela volta?). Com tranquilidade, Daniel Ribeiro conta da origem do filme, gerado depois de término com o também cineasta Rafael Gomes (45 dias sem você).
Nas investidas pela felicidade, o protagonista de 13 sentimentos descamba em muitos desencaixes emocionais e de expectativa. Mas, uma forte dose de sensualidade habita a telona. Artur Volpi se sentiu confortável pelo contexto atrelado a um bom roteiro. "Uma, em particular, não era uma cena gratuita ou aleatória só pela imagem em si. Acho que a gente tem uma escassez de referências de cenas como essa no conteúdo LGBTQIAPN . Crescemos tendo muitos exemplos de cenas de sexo entre casais heterossexuais. Isso foi completamente naturalizado. Não temos tantas referências e exemplos na comunidade LGBT. Tenho orgulho de a gente ter contribuído com essa essa diversidade", conclui.
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