Crítica// Furiosa: Uma saga Mad Max ★ ★ ★ ★
Com um quê do visual imperante no terror O massacre da serra elétrica e a esplendorosa direção de fotografia de Simon Duggan (de fitas ágeis como Até o último homem e 300: Ascensão do império), o novo Furiosa: Uma saga Mad Max impõe na telona o magistral cinema comandado por George Miller.
"Que as estrelas te acompanhem" é quase um mantra entre as bravas personagens femininas, que incluem a nada frágil Furiosa (Alyla Browne, num primeiro momento, depois transformada em Anya Taylor-Joy) e a mãe dela, papel de Charlee Fraser. Entre comboios, fugas (sob fogo de atiradores), à meia-luz, em cima das famosas thunder-bikes, as mulheres desafiam a autoridade de figuras bestiais como Immortal Joe (Lachy Hulme) e Dementus (Chris Hemsworth).
Um ancião historiador mostrará à sequestrada Furiosa o macete de aprender a ler, para "ter mais valor". Riquezas e escassez fazem morada, e duelam, em rotas que envolvem a Vila Gasolina, a Fazenda da Bala e o Vale Verde. Recursos inacessíveis e o desprezo por atitudes generosas fortalecem a brutalidade da trama.
Com sequências monumentais, as motos em círculo, por exemplo, lembram a corrida de bigas (vista em Ben-Hur), Furiosa traz uma embalagem de contornos bíblicos — seja na abertura de portões de grandiosas fortalezas e na submissão de devotos guerreiros, ou ainda na entrega de bizarra encomenda, ao estilo da cabeça de João Batista. Uma cena final, das mulheres comendo de insuspeito fruto, reforçam a tonalidade litúrgica que abraça cenas como o de rituais (não realizados) de casamento.
Negociação de água e gasolina e a operação de engenhocas, em pistas acidentadas ou por meio aéreo, deslancham momentos fortes de quebra-quebra. O mesmo colaborador de Baz Luhrmann (em O grande Gatsby), Simon Duggan cria um banquete gráfico, que, num crescente, gera mais apetite. Toda sorte de destruição, em coreografias circenses, paramentam a arena cinematográfica comandada por George Miller, à frente de sombrio enredo de justiça, punição e mutilação.
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