Crítica // Fúria primitiva ★ ★ ★ ★
Muito depõe a favor do longa de estreia de Dev Patel: há citação direta a David Leitch (produtor de De volta ao jogo, feito há uma década), o filme é produzido por Jordan Peele (dos ótimos Corra! e Não! Não olhe!) e o corroteirista John Collee respondeu por tramas de Atentado ao hotel Taj Mahal e Mestre dos mares.
"Eu nunca durmo", diz, em dado momento, o protagonista batizado de Homem Macaco, nesta atordoante aventura, que parte de um ringue de lutas na Índia. Desmantelar uma rede de prostituição estará, por acaso, no rumo do astro à la John Wick que topará de frente com o lendário Baba Shakti (Makrand Deshpande), sumidade em enganar castas e castas de eleitores, num esquema com o Partido Soberano.
Violência eletrizante, mas fundamentada, imprime no filme que, seguindo cartilha clássica, traz ainda todo o rito de treinamento do protagonista. Uma perseguição com um machado e a desvairada sequência em que o astro Patel foge pelo telhado trazem o rigor de uma câmera subjetiva, e que impressiona.
Na trama embalada pelo velho conceito de "olho por olho", Fúria primitiva traz estética aos moldes do surpreendente paraguaio Sete caixas. Embalado pela marca de uma água sanitária, o lavador de pratos (e lutador) se assume "Bobby", e passa por fases, numa das quais passa a ouvir ancestrais e desembrulhar traumas.
Fúria primitiva avança sobre temas como feminicídio, habitação e corrupção; tudo balizado pelos terrores que cercam a eleição. Antenado, acercando lendas, e temperado com ironia e humor, o filme ainda gera debates de diferenciais de gênero (com o inesquecível Alpha).
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