No sábado (18/5) e no domingo (19/5), a segunda edição do Afro em movimento se encerra com uma celebração ao empreendedorismo e cultura negra. A programação conta com aulas abertas e uma Feira Afro, que vai reunir moda, artesanato, e diversos outros artigos de doze produtores negros. As atrações musicais contam com Ellen Oléria, DJ Afrika, Flor Furacão e o grupo Filhos de Dona Maria.
A cantora Flor Furacão enfatiza que se sente incluída por poder somar ao projeto ao trazer para debate corpos como dela: trans, mestiços, de fenótipos ambíguos e pele parda. “Poder celebrar por mais um ano nossas vidas e ser convidada para realizar o espetáculo Ancestral Jazz nesta edição do projeto é muito honroso, ao celebrar nossa diversidade, inteligência, arte e potências”, diz.
Através do jazz, a cantora honra aqueles que vieram antes dela. Ao se enxergar como um instrumento da arte e do divino, por meio da sua voz, ela transpassa os saberes da sonoridade ancestral.
“O Afro em movimento é importantíssimo no DF. Você encontra, educação, arte, cultura, capacitação, artesanato, empreendedorismo negro, tudo num lugar só, com profissionais e equipes que realizam um excelente trabalho e espaço de encontros e trocas”, garante.
Nascida em Brasília, de família mineira e baiana, Flor carrega no sangue a alegria cigana, misturada a um pouquinho de cada lugar de origem. Formada em piano na Escola de Música de Brasília, a cantora já precisou tocar nas ruas para sobreviver, e hoje finaliza uma graduação em música na UnB.
“A diversidade cultural dos ritmos nordestinos são meu maior fascínio para criar e para estudar. Sempre que escrevo uma canção tendenciosamente ela vira um Forró ou um samba de roda. No jazz, minhas inspirações são Dominguinhos, Luiz Gonzaga, Cátia França e Sivuca. Unir esses dois universos foi consequência de minhas raízes”, diz Flor.
A artista acredita que, por meio da arte, as mentes mais sensíveis têm a possibilidade de confrontar privilégios e reavaliar posicionamentos do alto das suas zonas de conforto, bem como procurar contribuir num movimento de reparação social.
“As pessoas brancas, algumas vezes, não se enxergam em situação de privilégio. Viver é difícil para todo mundo, mas reconhecer que você nasce com acesso ao que é básico e outras pessoas não, é um dos primeiros passos para esse despertar. É preciso silenciar o ego e ampliar a empatia. A arte é fundamental para que narrativas sejam revisadas, para que posicionamentos e opiniões sejam repensados ", reflete.
Flor espera inspirar a juventude negra com o seu trabalho, para que todos se sintam empoderados a crescer potentes, com autoestima, sonhos, e com acesso a oportunidades. “É a nossa maneira de tornar atual uma prática cultural ancestral e reverenciar a riqueza da música afro-brasileira de tradição oral”, acredita
Confira a programação completa:
Sábado (18/5)
14h: Feira afro
14h30: Aula aberta - Arte, moda e sustentabilidade: Um olhar sobre ancestralidade, com Victor Hugo Soulivier
16h: Dj Afrika
18h: Flor Furacão
20h: Ellen Oléria
Domingo (19/5)
14h: Feira Afro
14h30: Aula Aberta - O impacto social da cultura, com Guilherme Machado
16h: Dj Afrika
17h: Filhos de Dona Maria
*Estagiária sob supervisão de Severino Francisco
Serviço
Afro em Movimento
Sábado (18/5) e domingo (19/5), no SESC 504 Sul, a partir das 14h. Entrada franca.
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