É um misto de retrospectiva e de prospecção a mostra Concretos voadores, que Gregório Soares apresenta na Galeria Décimo, na Câmara dos Deputados. Com 10 séries que abrangem cerca de 100 obras, e exposição é a primeira individual grande do artista, que é professor do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB).
A relação com a cidade dá a tônica dos trabalhos de Gregório, que tem o espaço moderno de Brasília como inspiração. Há diálogos com os azulejos de Athos Bulcão, com as curvas de Oscar Niemeyer, com os pilotis da arquitetura modernista e com o cinza do concreto. "Sou de Goiânia, me mudei para cá no fim da adolescência e muitos dos meus trabalhos são reflexões dessa minha nova morada, da minha perplexidade com a cidade", explica o artista.
Algumas das obras foram produzidas em 2011 e 2012, mas há também um lote de trabalhos mais recentes, que atualizam essa relação com a cidade e refletem sobre suas formas e proporções, caso de um painel no qual Gregório utiliza os próprios azulejos de Athos Bulcão. "Mas tem também uma relação com a cidade, não necessariamente com Brasília em si, que tem a ver com essa tensão entre cidade e natureza", explica o artista. Referências a fósseis, uso de papel artesanal e ferros que encontra enquanto caminha por Brasília estão entre os materiais utilizados por Gregório para esse diálogo estético-arquitetônico.