Crítica // A natureza do amor ★★★★
Escalado para o segmento Um Certo Olhar do importante Festival de Cannes, o filme assinado pela roteirista, e também atriz, Monia Chokri surpreendeu a muitos com a escalada considerado o melhor filme estrangeiro, no circuito de premiações do César, a maior distinção reservada ao cinema, na França. Tirou até mesmo o brilho de Oppenheimer, o valorizado filme de Christopher Nolan, esta comédia romântica que se diferencia da banalidade.
Quem puxa e carrega toda a trama é a professora e filósofa Sophia (Magalie Lépine Blondeau), bastante insatisfeita com a regular e pálida vida dividida com um apático homem chamado Xavier (papel de Francis-William Rhéaume). Na cabeça da protagonista, as portas se abrem e ela extrapola a percepção do amor moldado por Platão, seja na linha do sentimento afetivo puro ou mesmo da associação ao irrealizável.
Pouco a poco, as escolhas de Sophia se direcionam à percepção de Schopenhauer com o amor intermediando satisfações de vontade. Razão e sentimentos ficam distanciados quando a mulher conhece Sylvain (Pierre-Yves Cardinal), o inspirador e envolvente trabalhador destacado para agir na casa de campo dela e de Xavier. Sem muito sabatinar a consciência, Sophia se rende ao apelo dos meros impulsos, e que virão a pontuar o filme com um erotismo acentuado. No mais, o filme ganha tiques dos bons filmes de François Truffaut.
Diferentes ciclos sociais e muitos interesses desconectados mantém ruídos (sob controle) na relação entre a, a princípio, adúltera Sophia e Sylvain. Entre todo o entusiasmo juvenil cultivado pela professora brotam as preocupações geradas pela conexão frágil. A alegria do casal, entretanto, passa longe da rejeição, ainda que haja percalços. O grande diferencial está no encaminhamento dado a tantas incertezas.
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