Cinema

Confira crítica do novo filme de Porchat, que tem Sandy no elenco

O diretor Pedro Antônio trata, em entrevista ao Correio, de temas como a nudez de Porchat e ainda das inspirações emotivas da comédia romântica estrelada por Sandy

Crítica// Evidências do amor ★ ★ ★ ★

Numa batida muito diferenciada entre as opções para Faroeste caboclo e Eduardo e Mônica, para a recriação em cinema da canção Evidências, o diretor da comédia Pedro Antonio (de Um tio quase perfeito) se descolou da base e viajou na ruptura de amor de Marco Antônio (Fabio Porchat) e Laura (Sandy Leah). Deu certo: há bela união entre os atores, que interagem em harmonia — de repente, a perfeição se esvai. Até o encontro com o compositor José Augusto (coautor de Evidências, música que determina o destino dos personagens), o casal será perseguido por antigos sentimentos, num enredo de completo looping.

Sem se render ao artificial do mundo dos algoritmos, o filme acusa a universalidade das relações e também dos desencaixes amorosos. Marco se via como "o namorado perfeito", e atribui "piração" à ex-amada ("complicada"). A aparente loucura de Marco invade espaços inusitados como o do batizado do afilhado e o liquida no trabalho. Em meio a situações hilárias (desde monetizar com app chamado de ex-commerce, com vendas de quinquilharias deixadas por ex), a simbólica presença de Sandy (que se sai bem em cenas como a da coreografia agitada de Cheia de manias), a desenvolta presença humilhada de um largado Porchat e um império de boas e más lembranças do passado montam bom cenário paras risadas.

Entrevista // Pedro Antonio, diretor

A comédia infalível trabalha com quais elementos?

Eu acho importante sempre estar atento a comunicação com público durante o meu processo. Eu amo o cinema, e assisti a muitos cineastas que carregavam isso: Hitchcock, Billy Wilder, Steven Spielberg, Robert Zemeckis eu busco nos temas universais uma sincronia com a elaboração do roteiro e realização. Pra mim a comedia é uma combinação de vetores, entre os quais destaco a surpresa, o exagero, a repetição e o contraste. Porém, nada disso se aplica sem bons comediantes. Eu acho que o maior embate pra quem faz comédia é imaginar
a reação ao riso, nunca previsível.

Que potencial viu de química entre Porchat e Sandy?

Desde as primeiras leituras do roteiro, vi. Eles estavam muito a vontade, se divertindo e admirando um ao outro e respeitando a troca. Sandy traz um lado romântico afetivo que orna muito bem com a comicidade e sensibilidade do Fábio. Os dois estavam muito empenhados em dar certo o tempo todo. E isso imprime.

De quem partiu e como foi executada a chocante cena da nudez?

A gente precisava de algo radical, de ação louca do personagem. Lembramos das atitudes do Bill Murray em Feitiço do tempo. Ali ele até se joga do penhasco. Então, a cena precisava mostrar o desespero e a sensação de prisão do Marco Antônio, só que ao mesmo tempo um senso de liberdade absurda. Com isso a coisa da nudez pintou. E o Fábio topou, na hora. Ele é muito engraçado!

Teu cinema é de razão ou de emoção?

Olha, difícil. Mas se eu tivesse que escolhe diria a emoção. Eu adoro cenas emotivas e penso elas de forma emotiva muitas vezes. E pra mim, na hora de fazer comédia, apesar de matemática, é uma ação intuitiva. O instante cômico precisa ser pensado racionalmente claro, mas a execução é emocional, e eu tive a alegria de ter uma infância e adolescência com muita arte em casa.

 

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