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Confira a crítica de Godzilla e Kong: O novo império

Crítica // Godzilla e Kong: O novo império ##

Uma trama de busca por pertencimento e ainda de lacunas em conexões sociais ameaça vir a público, a cada momento da trama (que, convenhamos, mal existe) do novo filme da franquia assinada por Adam Wingard. Numa lógica de condomínio, os dois monstrengos do título dividem um mundo à parte, a fim de não colidirem: Godzilla fica na superfície e Kong habita a parte de baixo. Metidos num mundo de estética similar à de Flash Gordon e ainda a setentistas clipes de David Bowie, os personagens humanos ficam a reboque dos bichanos: a doutora Ilene (Rebecca Hall) luta por avanços na ciência, enquanto cuida da criação da filha Jia (Kaylee Hottle) e Bernie (Brian Tyree Henry, em cena, com muitas piadas que não funcionam), metido a engraçado, tenta brilhar em episódios de podcast.

Retaliação do governo às equipes que monitoram os titãs Kong e Godzilla e a descoberta de uma misteriosa membrana energética criam um ambiente tenso no filme que evolui de uma missão para reconhecimento de terreno para impiedosos embates entre os protagonistas (agora acompanhados da branquitude e da potência de Shimu, do ágil vilão Scar King, da assustadora serpente Tiamat e da apaziguadora presença de Mothra). Tudo ainda bem distante da ação com cara de Avatar, inicialmente, suscitada.

Tudo bem, até é divertido ver a soneca de Godzilla em pleno palco do Coliseu (Itália) e acompanhar a degustação de quitutes apanhados por King Kong (na real, carcaças com carne apodrecida). Mas isso é muito pouco para um longa que se esforça em repetir as expressões, no passado, adotadas por personagens de Planeta dos Macacos, e que chega repleto de cores desagradáveis, com uma direção de produção apoiada em conceito visual incômodo. Depois do status alcançado por Godzilla no último Oscar (quando um filme da franquia ganhou o primeiro prêmio, depois de trajetória de 70 anos desde a criação), irrita ver o clima glacial imposto ao Rio de Janeiro (na telona), num filme que ameaça congelar os neurônios de quem assiste.

Pra quem vai ao cinema ver dominação e exposição de brutalidade, o filme cumpre (ainda que com efeitos visuais deficientes). A computar de positivo a pancadaria entre as pirâmides do Egito, o uso de Day after day (da Badfinger) na trilha e a presença revigorante de Caçador (papel de Dan Stevens), especialmente na cena da extração de dente. Sem muito efeito, o longa recorre à citação do projeto Potência (reservado para a fase de Mechagodzilla), e que é posto em prática para potencializar os já ilimitados poderes de um titã (Kong, no caso, dotado de um punho com armadura infalível). Precisava?

 


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