Crítica

Sempre pronto para a pancadaria: o panda das artes marciais voltou

Kung Fu Panda 4: além das lutas marciais, proposta de uma jornada de busca espiritual

Depois de um desafio direto ao protagonista de Kung Fu Panda 4, a momentânea inimiga do urso, uma ladra raposa chamada Zhen (com a voz de Danni Suzuki) busca a redução de pena, ao se ver trancafiada na cadeia do harmonioso Vale da Paz. A premissa está na nova animação de cinema da DreamWorks, que, desta vez, traz a codireção entre Mike Mitchell (diretor de Trolls) e Stephanie Stine. Tudo indica que Zhen se aliará a Po.

Generoso e capaz de confiar em muitos, Po (Lucio Mauro Filho), na nova aventura, tem o posto de Dragão Guerreiro contestado. Quem o alerta de possíveis mudanças é o mestre Shifu. Mas, no fundo, Po não pretende largar o osso, depois do desabrochar de seu caráter, tendo ele sido criado pelo Sr. Ping e ainda pelo pai biológico Li. Empunhando o cajado da sabedoria, que lhe garante o poder sobre os reinos, Po será chamado para transmitir conhecimento, na pele de um novo Líder espiritual da região.

Com muita ação, na jornada que passa pela violenta taverna do Coelho Feliz, Po quer mesmo é voltar para as origens, e "detonar e botar para quebrar", como ele mesmo diz. Gananciosa, e com os olhos esbugalhados, quem despontará como vilã será a lagarto-fêmea conhecida como Camaleoa (na voz de Taís Araujo). Enquanto Po traz a capacidade das mentalizações do chefe Shifu e reproduz sua astúcia, Camaleoa se mostra uma esperta espécime, admiradora de seres "impiedosos e sem sentimentos".

 

Crítica // Kung Fu Panda 4 ★ ★ ★

Os cenários são diversificados — passam pelo Palácio de Jade, atravessam muitos locais do Vale da Paz, e culminam na Cidade do Zimbro —, mas a essência de Kung Fu Panda 4 segue a mesma: com ou sem a famosa leva de heróis da formação intitulada Os 5 Furiosos, o icônico urso Po (com a voz de Lucio Mauro Filho) terá enorme desafio pela frente. De cara, depois de um combate contra abusada arraia, o dragão guerreiro que não "foge da raia", como ele diz, tem o domínio do Cajado da Sabedoria contestado, sendo escalado para selecionar um possível sucessor.

O acesso irrestrito aos reinos dos espíritos, possibilitado pelo cajado, se vê posto em xeque, ao mesmo tempo em que o ganancioso Tai Lung ameaça mexer com a paz de Po e de sua notória concentração. Seja na meditação junto à voz interior, por debaixo das sombras das cerejeiras, ou atento aos ensinamentos do adotivo pai ganso ou ainda do pai panda, Po se ressente da falta de ação, no filme, desta vez, codirigido por Mike Mitchell (o mesmo de Shrek para sempre) e Stephanie Stine.

Eis que, na insegurança do posto de guerreiro, Po depara-se com novidades. De um lado, terá a companhia da raposa Zhen, que se gaba de "afanar, furtando e surrupiar", enquanto profana acolhedores templos chefiados pelo mestre (e panda vermelho) Shifu. Além de ter aprendido a não confiar em ninguém, e defender que "alguém sempre se machuca e ninguém se importa com sentimentos", Zhen, muitas vezes, dissimulada, traz outras distorções de comportamento, mesmo depois de estabelecer involuntária dupla com Po.

Outra personagem traiçoeira se afirma em Camaleoa, que inclemente, e em posto de governante, aumenta os tributos e persevera na tentativa de domínio total, tendo a habilidade de, fisicamente, se transformar em quem quiser. Incapaz de se deter na criação de provérbios originais (num fracasso de demanda dada por Shifu), Po se supera, mesmo, é na ação. Quem rouba, entretanto, muitas cenas são as alucinadas e (aparentemente) inofensivas coelhinhas encantadas por situações violentas. Numa história que explora muito a edificação instável encerrada na taverna do Coelho Feliz (um nome debochado, aliás), Po e Zhen terão boa oportunidade de real entrosamento.

 

 

Mais Lidas